Os cientistas encontraram corais não esqueléticos crescendo a partir de caules de animais marinhos conhecidos como crinoides, ou lírios-do-mar, no fundo do oceano Pacífico, ao largo das costas de Honshu e Shikoku no Japão.
"Esses espécimes representam os primeiros registros e exames detalhados de uma recente associação simbiótica de um crinoide (hospedeiro) e um hexacoral (epibionte)", escreveram os pesquisadores em seu artigo, "e assim as análises dessas associações podem lançar uma nova luz sobre nossa compreensão dessas associações paleozoicas comuns", referiram os cientistas na pesquisa publicada em Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology.
Durante a era paleozoica, crinoides e corais parecem ter se dado muito bem. O registro fóssil do fundo do mar está repleto disso, apresentando inúmeros exemplos de corais crescendo em hastes de crinoides para escalar acima do fundo do mar coluna de água adentro, até correntes oceânicas mais fortes para alimentação por filtragem.
No entanto, esses seres bentônicos desapareceram do registro fóssil há cerca de 273 milhões de anos, depois que os crinoides e corais específicos em questão se extinguiram. Outras espécies de crinoides e corais surgiram no Mesozoico, após a extinção do Permiano-Triássico, mas até agora nunca mais foram vistos juntos em uma relação simbiótica.
O considerado "fóssil vivo" foi encontrado pelos cientistas 100 metros abaixo da superfície do oceano. São duas espécies diferentes de coral – hexacorais dos gêneros Abyssoanthus, que é muito raro, e Metridioidea, um tipo de anêmona-do-mar – crescendo a partir de caules de lírios-do-mar (Metacrinus rotundus) vivos no mar do Japão.
A equipe de pesquisa conjunta polonesa-japonesa, liderada pelo paleontólogo Mikolaj Zapalski, da Universidade de Varsóvia, na Polônia, usou pela primeira vez a microscopia estereoscópica para observar e fotografar os espécimes. Em seguida, eles usaram microtomografia não destrutiva para escanear os espécimes a fim de revelar suas estruturas internas e códigos de barras de DNA para identificar as espécies.
Os fósseis paleozoicos de corais e crinoides simbióticos envolvem corais que possuem um esqueleto de calcita, como Rugosa e Tabulata. Fósseis de organismos de corpo mole – como corais não esqueléticos – são raros. Zoantharia tais como Abyssoanthus não tem registro fóssil confirmado e Actiniaria tais como Metridioidea também são extremamente limitados.
O número de espécimes recuperados até agora é pequeno, mas agora que sabemos que eles estão lá, talvez possa ser realizado mais trabalho para descobrir a história desta amizade fascinante.
"Como Actiniaria e Zoantharia têm suas raízes filogenéticas profundas no Paleozoico, e as associações coral-crinoide eram comuns entre os corais paleozoicos Tabulata e Rugosa, podemos especular que também os corais paleozoicos não esqueléticos podem ter desenvolvido esta estratégia de fixação em crinoides," afirma o artigo.
"As associações coral-crinoide, características das comunidades bentônicas paleozoicas, desapareceram no final do Permiano, e este trabalho atual representa o primeiro exame detalhado de sua redescoberta nos mares modernos."