Militares franceses advertem que uma 'guerra civil está se formando' na França

© REUTERS / PHILIPPE WOJAZERParaquedistas do exército francês patrulham a área perto da Torre Eiffel em Paris
Paraquedistas do exército francês patrulham a área perto da Torre Eiffel em Paris - Sputnik Brasil, 1920, 10.05.2021
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Em uma carta aberta, oficiais franceses na ativa expressaram apoio aos apelos feitos no final de abril por generais aposentados e outros oficiais superiores advertindo sobre o perigo de "desintegração da França".

A revista Valeurs Actuelles publicou a carta, assinada por mais de 40.000 pessoas, entre militares e civis.

"Nossos camaradas seniores são combatentes que merecem ser respeitados. São, por exemplo, militares idosos cuja honra vocês pisotearam nas últimas semanas. São os milhares de servidores da França, signatários de uma tribuna de bom senso, militares que deram seus melhores anos para defender nossa liberdade, obedecendo a suas ordens, para combater suas guerras ou implementar suas restrições orçamentárias [...]. Essas pessoas que lutaram contra todos os inimigos da França, vocês os chamaram de facciosos quando sua única culpa é amar seu país e lamentar seu declínio visível", lê-se na carta dirigida às autoridades francesas.

Os militares signatários, que iniciaram recentemente sua carreira militar, declararam que a sua missão era "ter a honra de dizer a verdade", dizendo que para eles "é igualmente impossível permanecer em silêncio".

"Quase todos nós já vimos a Operação Sentinela. Vimos com nossos próprios olhos os subúrbios abandonados, as acomodações com delinquência. Suportamos as tentativas de instrumentalização por parte de várias comunidades religiosas, para as quais a França não significa nada - nada além de um objeto de sarcasmo, desprezo e até mesmo ódio", diz a carta aberta.

"No Afeganistão, no Mali, na República Centro-Africana e em outros lugares, alguns de nós ficaram sob fogo inimigo. Alguns perderam camaradas. Eles ofereceram suas vidas para destruir o Islamismo, ao qual vocês estão fazendo concessões em nosso território."

Os militares alertam que a situação no país pode se tornar crítica.

"Vocês podem argumentar que não é o papel do Exército dizer isto. Pelo contrário: por sermos apolíticos em nossa avaliação da situação, estamos fazendo uma constatação profissional. Porque temos visto este declínio em muitos países em crise. Ele precede o colapso. Ele anuncia caos e violência e, ao contrário do que vocês dizm aqui e ali, este caos e violência não virão de um 'pronunciamento militar', mas de uma insurreição civil".

Os militares falam inclusive da possibilidade de uma guerra civil.

"Sim, se uma guerra civil eclodir, o Exército manterá a ordem em seu próprio território, porque lhe será pedido que o faça. Essa é a própria definição de guerra civil. Ninguém pode querer uma situação tão terrível […] sim, mais uma vez, a guerra civil está se formando na França e vocês sabem disso", afirmam os militares.

"Tomem providências, senhoras e senhores. […]. Trata-se da sobrevivência do nosso país, do seu país", conclui a carta aberta dos militares franceses.

Por sua vez, o ministro do Interior francês Gérald Darmanin declarou que não considera a decisão dos militares de apoiar os generais aposentados um ato corajoso.

"Trata-se se indivíduos anônimos. Essa é sua coragem – o anonimato? Quando você quer entrar para a política, você apresenta sua candidatura às eleições. Quando eu fiquei insatisfeito com o que estava acontecendo, eu candidatei-me às eleições. E em um país democrático cabe ao povo escolher e não a alguns militares […] Quão ridícula é essa sociedade 'corajosa' que dá voz aos anônimos", disse o ministro ao canal BFM TV.

Agnès Pannier-Runacher, ministra-delegada para a Indústria junto do ministro da Economia, Finanças e Reconstrução da França, definiu que a declaração dos militares tem natureza política.

"O fato de os militares, ou os chamados militares, usarem termos de extrema-direita parece uma instrumentalização política", declarou a ministra à Sud Radio.

Anteriormente, François Lecointre, chefe do Estado-Maior das Forças Armadas francesas, havia declarado ao jornal Le Parisien que os generais na reserva que assinaram a primeira carta aberta poderiam ser afastados do Exército.

No fim de abril, 20 generais franceses e uma centena de outros oficiais superiores publicaram uma carta advertindo que o país está sob ameaça.

De acordo com eles, os apoiadores fanáticos da guerra racial odeiam a França, sua cultura e tradições, querem ver o país se destruindo. Além disso, os dogmáticos islâmicos conquistaram os subúrbios das cidades do país e estabelecem lá regras que contradizem a Constituição francesa.

A passividade do governo levará à explosão e à intervenção do Exército, que assumirá a missão de defesa dos valores da civilização e da segurança de seus compatriotas no território francês, destaca a carta.

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