Nesta semana, a Petrobras assinou um contrato com a Petrom Produção de Petróleo & Gás para a venda da sua participação, de 50%, no campo terrestre de Rabo Branco, localizado no estado de Sergipe.
Responsável por uma produção média de 131 barris de petróleo por dia (bpd), o campo foi negociado com a Petrom, detentora dos outros 50% de participação, devido ao seu direito de preferência na transação. E a negociação, conforme destaca a Agência Brasil, segue a estratégia da estatal de venda de ativos para aplicação de recursos em ativos de classe mundial em águas profundas e ultraprofundas, onde a companhia tem demonstrado grande diferencial competitivo ao longo dos anos.
"Eu não diria que a venda desse ativo representa um encolhimento. Na verdade, é uma estratégia que a Petrobras está adotando para adaptar o seu plano de investimento à realidade de uma empresa do tamanho da Petrobras", afirma em declarações à Sputnik Brasil o especialista em óleo e gás Maurício Cañedo Pinheiro, professor da Faculdade de Economia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
De acordo com o acadêmico, outras grandes empresas da área costumam manter o foco em regiões e campos que produzem muito, que, no Brasil, são os que ficam no mar e no pré-sal. Com essa venda, o que a Petrobras demonstra, segundo ele, é a vontade de abandonar esses campos em terra que produzem pouco.
"Normalmente, esses campos são explorados por empresas menores. Inclusive, as empresas menores têm uma capacidade melhor de explorar esse campo. Mal comparando, é como se a Petrobras tivesse uma mão muito grande para lidar com essas coisas muito pequenas."
Petroleiros esperam que novo presidente da estatal reveja política de preços e planos de privatização e tome providências efetivas para conter o surto do novo coronavírus entre funcionários da empresa https://t.co/QXdKeS9BlC
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) April 14, 2021
Além de não representar um encolhimento, tal venda, na opinião de Pinheiro, nada tem a ver com planos de privatização da petrolífera. A empresa simplesmente estaria "vendendo um ativo para usar esses recursos em outros ativos que, para ela, são mais rentáveis."
"Esse movimento específico não sinaliza nenhum tipo de projeto para uma futura privatização. Eu diria que é muito improvável que a Petrobras seja privatizada."
Embora a ideia de uma possível privatização esteja difícil de visualizar no horizonte, algo que é mais concreto no entendimento do especialista ouvido pela Sputnik é o abandono de determinados setores pela estatal, como já está fazendo com o refino.
"Você pode achar essa estratégia boa ou ruim, enfim, é outra história. Mas não vejo nenhum desses movimentos como movimento de privatização ou do governo deixando de exercer um papel preponderante como acionista majoritário da empresa."