No início dos anos 1980, os pesquisadores encontraram cerca de trezentos esqueletos em Herculano, incluindo o de um homem que foi inicialmente identificado como um soldado comum. No entanto, os pesquisadores concluíram agora que o esqueleto de quase 2 mil anos pertencia a um oficial de alto escalão da Marinha romana enviado em uma missão para evacuar os habitantes de ambas as cidades, condenados pelo desastre.
Tanto Pompeia quanto Herculano, localizadas ao sul da atual cidade italiana de Nápoles, foram arrasadas pela violenta erupção do vulcão Vesúvio em 79 d.C., que cobriu pessoas e casas com lava, lama e cinzas.
Quando o esqueleto foi descoberto há 30 anos, vários itens o distinguiram de centenas de outros descobertos por arqueólogos, principalmente um cinto de couro e uma espada de punho de marfim, uma adaga decorada e uma bolsa cheia de moedas. Ainda assim, o esqueleto foi colocado em exibição permanente e identificado como um soldado.
Uma recente análise aprofundada dos materiais revelou que o cinto tinha sido decorado com imagens de um leão e de um querubim feito de prata e ouro. A bainha da espada também trazia uma imagem decorativa de um escudo oval.
"Todas essas pistas sugerem que ele não era um simples soldado, mas que, com toda probabilidade, era um oficial de alta patente, até mesmo um guarda pretoriano", explicou Francesco Sirano, diretor do sítio arqueológico de Herculano, à NBC News, referindo-se às unidades de elite que serviam como escolta pessoal dos imperadores romanos.
De acordo com o especialista, "os guardas pretorianos usavam escudos ovais" e "as moedas que ele carregava consigo coincidiam com o valor do salário mensal de um pretoriano".
O esqueleto do "herói romano" foi encontrado na praia, ao lado de centenas de outros, a poucos metros dos restos de um barco. A missão de resgate a Herculano e Pompeia é um dos eventos mais bem documentados do período.
Uma carta de Plínio, o Jovem, ao historiador Tácito descreveu a cena: "As cinzas que já caíam tornaram-se mais quentes e grossas à medida que os navios se aproximavam da costa e logo foram substituídas por pedra-pomes e pedras enegrecidas queimadas e estilhaçadas pelo fogo".
Fosse qual fosse a patente do oficial, Sirano observou que não há dúvida de que ele fez parte da missão de resgate lançada pela Marinha romana após a erupção do Vesúvio.
"Estamos agora testando o DNA dos esqueletos em Herculano e recuperando informações surpreendentes. De onde vieram, o que comeram, todas as pistas, que são peças de um quebra-cabeça da história."