Na última quinta-feira (13), o governo brasileiro anunciou sua adesão ao projeto de construção do primeiro cabo submarino transoceânico de fibra óptica que ligará a América do Sul à Ásia e Oceania, se juntando a um consórcio formado pelos governos de Argentina, Austrália, Chile e Nova Zelândia.
CONEXÃO TRANSPACÍFICA: Brasil anuncia que participará do projeto do cabo de fibras óticas Humboldt. A iniciativa chilena prevê a instalação do 1º cabo submarino para interligar a América do Sul à Oceania/Ásia.
— Fábio Faria 🇧🇷🇧🇷🇧🇷 (@fabiofaria) May 13, 2021
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O projeto é uma iniciativa da companhia estatal chilena Desarrollo País, e está sendo chamado de Humboldt, após uma votação na Internet, segundo o site da empresa. O nome faz referência ao geógrafo e explorador alemão Alexander von Humboldt, responsável por uma das primeiras expedições científicas na América do Sul, no início do século XIX.
Com um custo estimado de 400 milhões de dólares (cerca de R$ 2,1 bilhões), o cabo conectará a cidade de Valparaíso, no Chile, com Sydney, na Austrália, passando também pela Nova Zelândia. Ao todo, o cabo terá 14.810 quilômetros de extensão e será formado por um sistema de oito fibras ópticas, cuja capacidade inicial de transmissão de dados será de aproximadamente 400 gigabits por segundo (Gbps). Após a instalação desse cabo, a conexão com o continente asiático será feita por outros cinco cabos que já estão instalados e em funcionamento.
El cable Humboldt que conectará 🇨🇱 y Sudamérica con Asia y Oceanía, a través del Pacífico comienza a tomar forma. Hoy Brasil 🇧🇷 anunció su participación en el proyecto que permitirá mejorar la conectividad de ambos continentes, lo que beneficia a más de 600 millones de personas. pic.twitter.com/DW3lY8Wba3
— Ministerio de Transportes y Telecomunicaciones (@MTTChile) May 13, 2021
O cabo Humboldt que conectará o Chile e a América do Sul com Ásia e Oceania, através do Pacífico, começa a tomar forma. Hoje [13], o Brasil anunciou a sua participação no projeto que permitirá melhorar a conectividade em ambos os continentes, o que beneficiará mais de 600 milhões de pessoas.
De acordo com uma nota conjunta divulgada pelos ministérios das Comunicações e das Relações Exteriores do Brasil, o projeto permitirá o aumento do volume do tráfego de dados entre América do Sul, Oceania e Ásia, "as regiões que mais crescem em demanda por Internet no mundo", e também aumentará a disponibilidade e a confiabilidade da transmissão de dados.
"O projeto também completará a conexão por fibra óptica do Brasil com seus vizinhos, consolidando a infraestrutura digital regional e posicionando o Brasil como líder da transformação digital e do mercado digital na região", acrescentou o governo na nota.
"Antes de serem lançados os satélites, [...] a única maneira de se falar de forma rápida, de forma transatlântica entre os continentes, era usando os cabos submarinos", conta Luiz Claudio.
No entanto, segundo o especialista, com o advento dos satélites, os cabos caíram em desuso, pois sua instalação era cara e os mesmos eram feitos de cobre, que tinham muitos problemas e requeriam a instalação de estações de reforço.
Além disso, o professor da UFF assinala que o cabo ligando a América do Sul com a Oceania permitirá um caminho direto entre essas regiões, oferecendo uma alternativa à conexão que passa entre os Estados Unidos e a Europa, o que aumenta a segurança das transmissões de dados e reduz a dependência dos cabos que ligam outros países.
"Ter vários cabos de fibra óptica saindo do Brasil também permite redundância. No caso de falha de um deles, você pode rotear a sua Internet para os outros caminhos", afirma Schara Magalhães.
Nesse sentido, o especialista ressalta que é muito importante participar desses consórcios, pois isso permite que o Brasil seja "dono da sua infraestrutura", o que tem benefícios estratégicos, como explicitado na questão da segurança, e também comerciais.
"Essas fibras [ópticas] não ficam ociosas. Mesmo que o nosso tráfego não seja muito grande, essas fibras podem ser emprestadas, trocadas. Então, existe um mercado para isso, e é bom ser dono de fibra para ter alguma coisa de valor para ser trocado nesse mercado", opina o engenheiro e professor.