Diante da crise na fronteira dos EUA com o México, o governo de Joe Biden retomou uma das mais polêmicas políticas de Donald Trump, a deportação imediata.
No esteio desta decisão encontra-se a vida de ao menos 106 brasileiros. Eles serão deportados pelos Estados Unidos por atravessar a fronteira ilegalmente. As informações foram confirmadas pelo jornal Estado de São Paulo nesta quarta-feira (19).
Segundo a chancelaria brasileira, o processo de deportação ocorre integralmente sob jurisdição dos Estados Unidos.
"O governo brasileiro foi notificado do voo e acompanha os desdobramentos, com vistas a assegurar que aos cidadãos brasileiros deportados seja estendido um tratamento digno", diz a nota.
Ainda de acordo com o Itamaraty, a realização do voo tem como objetivo reduzir o tempo de permanência dessas pessoas em centros de detenção nos Estados Unidos.
"As repartições consulares brasileiras nos Estados Unidos seguem prestando toda a assistência consular cabível aos cidadãos brasileiros ainda detidos naquele país", conclui a comunicado.
A crise nos EUA
O total de brasileiros que chegaram aos EUA ilegalmente começou a crescer em 2015. O pico nas apreensões de pessoas pelas autoridades dos EUA aconteceu em 2019, quando chegou a 18 mil casos. No ano anterior, haviam sido 1,6 mil.
No ano passado, Trump incluiu os brasileiros no protocolo conhecido como "Fique no México". Os estrangeiros sem documentos apreendidos pelo serviço norte-americano de fronteira deveriam esperar fora do país pela análise dos pedidos de asilo. Antes, os brasileiros aguardavam em solo americano pela decisão dos tribunais de imigração.
Em 2018, auge da crise diplomática provocada pela separação de famílias nos EUA, 49 crianças brasileiras ficaram em abrigos. Apenas em dois abrigos para famílias em El Paso, no Texas, há cerca de 300 brasileiros atualmente.
Ao longo de sua campanha eleitoral, Biden prometeu trabalhar para regularizar a situação dos imigrantes ilegais que vivem nos Estados Unidos. Porém, os EUA estão distribuindo as pessoas que chegam para várias instalações pelo país, pois os centros de detenção estão lotados.