Segundo o ex-ministro, o chefe de Estado nunca deu ordens diretas para que Pazuello mudasse a conduta de sua gestão. O militar comandou a pasta da Saúde durante a fase mais crítica da pandemia, entre maio de 2020 e março de 2021.
"Em momento nenhum o presidente me deu ordem para fazer diferente do que eu já estava fazendo", afirmou Pazuello.
A resposta foi dada ao senador Renan Calheiros (MDB-AL), que questionou se Bolsonaro pedia para o Ministério da Saúde se posicionar a favor de temas como o tratamento precoce contra a COVID-19.
"O presidente nunca me deu ordens diretas para nada", garantiu Pazuello.
A fala de ex-ministro, no entanto, entra em contradição com declaração do próprio Pazuello, que, em outubro de 2020, após ser desautorizado por Bolsonaro em relação à compra da vacina CoronaVac, afirmou, ao lado do presidente, que "um manda, o outro obedece".
Na ocasião, pouco depois de ser anunciado acordo do governo federal para aquisição do imunizante fabricado na China em parceria com o Instituto Butantan, de São Paulo, Bolsonaro afirmou que a compra não seria feita. O chefe de Estado disse à época que os brasileiros não seriam "cobaias" da vacina chinesa.
CoronaVac: 'Posição dele não interferiu'
Em seu depoimento à CPI, Pazuello disse que a frase representa "jargão militar, apenas uma posição de internet e mais nada". Segundo o militar, Bolsonaro nunca falou sobre a recusa diretamente com ele ou com o Ministério da Saúde.
"Ele falou publicamente, para o ministério ou para mim [não disse] nada. Só havia termo de intenção de compra e foi mantido. Uma postagem na Internet não é uma ordem. Ordem nunca foi dada", disse o ex-ministro. "Nunca o presidente mandou eu desfazer qualquer contrato ou acordo com o Butantan. O presidente também se posiciona como agente político. A posição dele não interferiu em nada no diálogo com o Butantan", acrescentou.