Dois pesquisadores suecos, Mattias Jakobsson e Emma Svensson, da Universidade de Uppsala, conseguiram mapear com sucesso o genoma inteiro de uma mulher pré-histórica que viveu em uma caverna da Romênia há cerca de 35 mil anos.
Os pesquisadores contam que o incrível estado de preservação de um dos dentes encontrados no crânio de Pestera Muierii 1 – como batizaram a mulher descoberta – possibilitou o mapeamento completo do genoma.
No estudo, os pesquisadores concluíram que a mulher pré-histórica tinha disposição para ter pele, cabelo e olhos escuros, e que não teria enfrentado nenhuma doença conhecida na atualidade. Curiosamente, a mesma apresentava escassa ligação com os neandertais e com os humanos contemporâneos.
Porém, o que impressionou Jakobsson e Svensson foi o fato de Pestera Muierii 1 apresentar uma variação genética muito superior ao que seria esperado encontrar em outros espécimes humanos da mesma época.
"Ela viveu há quase 35 mil anos e tem uma grande variação genética, logo não poderia ter havido gargalo [da África] há 80 mil anos que causasse a redução da variação genética", explicou Jakobsson à emissora sueca SVT.
Por gargalo da África entende-se a teoria de que, há 80 mil anos, ao emigrar do continente africano, o ser humano começou a perder variações genéticas à medida que sua espécie se espalhava pelos outros continentes.
Contudo, se a hipótese dos pesquisadores suecos provar ser verdadeira, com base nos dados fornecidos pelo dente da mulher em estudo, a redução de variações genéticas ficaria sem explicação.
É aí que entra a teoria da Idade do Gelo, quando placas de gelo cobriram grande parte do mundo, havendo até hoje partes da Europa cobertas por gelo. Deste modo, a queda de variações genéticas poderia estar relacionada às duras condições de vida trazidas pelas alterações climáticas desse tempo, argumentam os cientistas.
Adicionalmente, durante esse período, a população pré-histórica europeia seria de apenas mil a dez mil habitantes, ou seja, além das duras condições ambientais, o número de parceiros para reprodução era também limitado, resultando inevitavelmente em consanguinidade em alguns grupos e, assim, perda de variações genéticas, contou Mattias Jakobsson.