O governo do Maranhão confirmou ontem (20) os primeiros casos oficiais da cepa indiana (também chamada de B.1.617.2) do coronavírus no Brasil. A variante está presente em 51 países, e o Brasil é segundo na América do Sul a ter identificado a cepa.
Ao todo, 15 pessoas que estavam a bordo do navio MV Shandong da Zhi, ancorado no litoral do Maranhão, apresentaram sintomas da COVID-19 assim que desembarcaram.
Dessas, seis testaram positivo para a cepa indiana a partir de um estudo genômico. Porém, cerca de 100 pessoas tiveram contato com os infectados, aumentando as possibilidades um surto na região.
Diante das notícias estarrecedoras para um país que soma mais de 420 mil mortes na pandemia, a Sputnik Brasil conversou com a médica Raquel Stucchi, médica infectologista e professora da Faculdade de Medicina da Unicamp.
A especialista em saúde revelou preocupação com as recentes notícias sobre a pandemia no Maranhão. Para ela, "a nova variante indiana pode provocar uma nova onda, com aumento no número de casos, necessidade de mais internações, e de óbitos também. O que se sabe até agora sobre esta variante é que ela tem uma transmissibilidade muito alta".
Questionada se o governo brasileiro não teria errado ao deixar de impor restrições à entrada de viajantes da Índia, a médica explicou que isso "teria sido muito importante".
Contudo, enfatizou que "é preciso lembrar que a variante leva do nome do local onde ela foi identificada pela primeira vez, mas eu não preciso ter uma pessoa contaminada vinda da Índia para introdução desta variante no Brasil". Em seguida, Raquel Stucchi disse que "as variantes surgem quando o vírus se multiplica muito, e então acontecem as mutações, e eventualmente a gente poderá ter mutações acontecendo no Brasil muito semelhantes às encontradas na Índia".
Por fim, a médica reconheceu que "não termos barreiras contra pessoas vindas da Índia traz mais insegurança e aumento no número de contaminados".
A Sputnik Brasil ainda perguntou à médica quais soluções poderiam ser adotadas neste momento, principalmente tendo em vista que a linhagem B.1.617 foi classificada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como uma "variante de preocupação", e as imagens que chegavam da Índia nas últimas semanas ante o avanço da pandemia.
"Neste momento, o que nós podemos fazer é acelerar a vacinação. A segunda é manter a divulgação das medidas de higiene sanitária, como distanciamento social e o uso de máscaras", disse Raquel Stucchi, ressaltando que ainda não se sabe a eficácia das vacinas que o Brasil utiliza contra a variante indiana.