A China expressou nesta sexta-feira (21) forte insatisfação e oposição firme a "declarações irresponsáveis" realizados pelo ministro da Defesa japonês, Nobuo Kishi, sobre o poderio militar da China, questões relacionadas a Taiwan e a situação regional.
Em entrevista ao jornal Nikkei na quarta-feira (19), Kishi afirmou que o Japão poderia adotar uma "abordagem radicalmente diferente" para conter o crescente poderio militar de Pequim, acrescentando que o equilíbrio militar entre o Japão e a China "se inclinou fortemente para a China nos últimos anos, e a diferença vem crescendo a cada ano".
O ministro japonês disse ainda que as ilhas Ryukyu, conhecidas na China como Nansei, que se estendem do extremo sul do continente japonês até Taiwan, são uma grande área de preocupação e sugeriu que o Japão pode abandonar sua política de longa data de limitar os gastos com defesa a 1% do produto Interno Bruto.
"O ambiente de segurança em torno do Japão está mudando rapidamente, com maior incerteza. Alocaremos adequadamente o financiamento de que precisamos para proteger nossa nação", concluiu Kishi.
Resposta chinesa
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Zhao Lijian, disse nesta sexta-feira (21) que o Japão deveria "parar com a desinformação e a calúnia" contra a China.
"As declarações irresponsáveis do Japão estão alimentando a competição militar, aumentando as tensões regionais, provocando confrontos militares e se intrometendo nas questões de Taiwan", disse Zhao.
O porta-voz chinês reiterou que Pequim está comprometida com o desenvolvimento pacífico e com uma política de defesa de natureza defensiva.
"O desenvolvimento das Forças de Defesa Nacional da China atende às necessidades de salvaguardar a soberania do país, segurança e interesses de desenvolvimento e a necessidade de manter a paz e estabilidade internacional e regional", afirmou Zhao.
Mas o funcionário do MRE chinês destacou que a questão de Taiwan é um assunto interno da China e alertou para o Japão não interfira. "O governo e os militares chineses são sólidos como uma rocha na salvaguarda da soberania e integridade territorial da China."
O porta-voz também pediu ao Japão que reflita sobre sua história de agressão, pare de minar a paz e a estabilidade regional e pare de caluniar a China.
Relações estremecidas
As relações entre a China e o Japão, já complicadas por sua história de guerra e disputas territoriais, tiveram um novo negativo pico em abril, quando o primeiro-ministro japonês Yoshihide Suga e o presidente dos EUA, Joe Biden, emitiram uma declaração conjunta enfatizando a importância de paz no estreito de Taiwan. Foi a primeira menção à ilha autogovernada em uma declaração conjunta desde 1969.
Aém disso, o Japão tem sido ativo em promover o Diálogo de Segurança Quadrilateral (Quad, na sigla em inglês), que conta com a participação dos EUA, Japão, Austrália e Índia, e, entre outras coisas, visa combater a expansão chinesa no Indo-Pacífico. Kishi disse na quarta-feira (21) que era a favor de uma "reunião de ministros da defesa Quad".