Os principais bancos estatais da China compraram dólares nesta terça-feira (25) após o yuan ter atingido o maior valor em relação ao dólar em quase três anos, galvanizado pela recuperação econômica de Pequim e pelas perspectivas de crescimento nas exportações.
Na tarde de terça-feira (25), horário de Pequim, o yuan estava em 6,4051 por dólar, uma alta de 0,2% em relação ao dia anterior. Este é o nível mais alto desde junho de 2018. Quatro fontes conhecimento do assunto confirmaram à agência Reuters que a compra de dólares pelos bancos estatais chineses, em um movimento visto como uma tentativa de retardar a rápida valorização do yuan.
"Os bancos estatais intervieram para estabelecer um piso para o yuan [em relação ao dólar]", disse uma fonte à mídia.
Especialistas atribuíram a alta do yuan à queda geral do dólar nos mercados globais após a divulgação de dados dos EUA mais fracos do que o esperado e aos comentários das autoridades do Sistema de Reserva Federal (Fed, na sigla em inglês) dos EUA de que a política monetária do país permaneceria estável.
Perigos do yuan forte
Os principais bancos estatais da China atuam frequentemente como agentes do Banco Popular da China nos mercados de câmbio estrangeiro, mas também negociam por conta própria.
De acordo com especialistas, uma alta muito forte do yuan pode desacelerar a recuperação na China. As exportações são um dos pilares da economia de Pequim e um yuan mais forte tem o efeito de elevar os preços em dólares dos produtos chineses.
"O Banco Central do país está ciente dos riscos associados à valorização do yuan [...] enquanto a recuperação na China ainda é desigual", disse o analista Ken Cheung, do Bank Mizuho.
A China foi uma das poucas potências a registrar um crescimento positivo (2,3%) no ano passado, apesar da pandemia de COVID-19. Como resultado, "o capital na China está fluindo rapidamente" e isso fortalece mecanicamente o valor do yuan, observa Cheung.
Mas, no longo prazo, isso pode se tornar "uma dor de cabeça" para o Banco Central, conclui o analista.