Oceanógrafos da Dinamarca, Canadá, Alemanha e Japão mediram pela primeira vez, a bordo do navio de pesquisa Sonne, o teor de mercúrio nos sedimentos na zona hadal do oceano Pacífico (ecossistema das fossas abissais), que corresponde a profundidades de mais de seis quilômetros, segundo estudo publicado na revista Scientific Reports.
Os pesquisadores estudaram duas fossas abissais, a do Atacama no oeste e a de Kermadec, no leste. Ambas as fossas possuem uma profundidade média de oito a dez quilômetros. Os cientistas coletaram amostras tanto nas partes mais profundas, como em áreas onde a profundidade é de dois a seis quilômetros.
Os cientistas ficaram surpreendidos com o teor de mercúrio nas partes mais profundas do oceano Pacífico: ele é superior a todos os anteriormente registrados em sedimentos marinhos, até superior a muitas regiões de poluição industrial.
"A notícia má é que esses altos níveis de mercúrio podem ser representativos do aumento geral das emissões antropogênicas de mercúrio em nossos oceanos", afirmou o doutor Hamed Sanei da Universidade de Aarhus, Dinamarca.
"Mas a notícia boa é as fossas do oceano atuam como uma espécie de aterro permanente e, assim, podemos esperar que o mercúrio que acaba ali fique enterrado por muitos milhões de anos. As placas tectônicas levarão esses sedimentos para as profundezas do manto superior da Terra", disse o cientista.
Embora o mercúrio das fossas abissais seja retirado da biosfera, os cientistas estão preocupados com a grande quantidade desta substância existente nas profundezas dos oceanos. Um dos cientistas afirmou que isso poderia ser um indicador da saúde geral das áreas oceânicas.
Os pesquisadores acreditam que os resultados de seus estudos ajudarão a preencher a principal lacuna no conhecimento do ciclo do mercúrio na superfície da Terra, mostrando como o material se remove da litosfera.