O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou os novos acordos de vacinação que o governo brasileiro realizou e disse acreditar que o país terá uma "abertura razoável" no segundo semestre.
"A gente entende que com o ritmo de vacinação atual a gente consegue ter uma reabertura razoável do país a partir do segundo semestre. Lembrando que o governo fez novos acordos de vacinação. É importante lembrar que a vacinação é a nossa melhor saída para a economia, para a reabertura, para o fiscal, para o crescimento, para o emprego", disse ele.
Atualmente, cerca de 44 mil brasileiros receberam pelo menos a primeira dose da vacina contra a COVID-19, o que representa cerca de 20% da população brasileira.
Em contrapartida, a agência de classificação de risco Fitch manteve a perspectiva da dívida pública brasileira com nota negativa, o que significa que a agência pode reduzir a nota do país nos próximos meses ou anos.
Projeção de analistas do banco suíço UBS revelou que, se mantido o ritmo de vacinação contra a COVID-19, o Brasil pode ter a reabertura de sua economia em outubro.
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) May 12, 2021
Para médico ouvido pela Sputnik Brasil, a estimativa do banco é bastante plausível.https://t.co/oYrtdsqSjL
A perspectiva negativa do Brasil pela Fitch se mantém desde maio do ano passado, tendo atualmente a nota BB-, três níveis abaixo do grau de investimento, que representa a garantia de que o país não corre risco de dar calote na dívida pública.
A economista e professora da Faculdade de Economia da UERJ, Maria Beatriz de Albuquerque David, em entrevista à Sputnik Brasil, destacou que, se não houver vacinação massiva no Brasil, "o que vai acontecer é que a gente vai ficar com a pandemia praticamente permanente, cada variante que surgir, vão surgir novos agravamentos".
"Então não há uma perspectiva de retomada clara da economia enquanto não houver imunização massiva. O problema não é só o vírus que existe hoje, o problema é que quando não tem controle da pandemia, vão ter novas variantes. Vira uma doença permanente. Uma doença permanente que atinge tanta gente não contribui para o avanço da economia", afirmou.
De acordo com ela, a economia mundial está retomando e o Brasil é muito ligado à retomada da economia mundial, especialmente da China. Então, a especialista observou que o aumento da demanda pelas commodities vai ajudar a economia brasileira, mas frisou que este aspecto somente não resolve a retomada do crescimento, pois o "comércio internacional é uma pequena parte da nossa economia".
"Enquanto não voltarem as outras atividades, a população não recuperar renda, o consumo, que é a maior parte que faz com a economia realmente deslanche, não vai acontecer. O que estão fazendo as grandes economias do mundo? Elas estão impulsionando o crescimento com investimentos, investimentos em estrutura, que gera emprego, uma série de investimentos que possibilitam uma retomada consistente da economia a longo prazo e uma vacinação maciça", argumentou.
Ao comentar a classificação negativa do Brasil feita pela Fitch, a economista Maria Beatriz Albuquerque explicou que a nota negativa de uma agência de risco avalia como os investidores estão percebendo as perspectivas de curto, médio e longo prazo para a estabilidade e de retorno de possíveis investimentos no país.
"As tomadas de decisão de investimentos são balizadas pelo comportamento das agências de risco. A nota negativa significa que os investidores ou não vão investir nesse país, ou vão querer um rendimento muito acima do que ele poderia obter em qualquer outro lugar", completou.