O vírus que causou a pandemia da gripe espanhola ainda circula. No entanto, era muito mais mortal então, principalmente porque somos descendentes de pessoas que sobreviveram à infecção há mais de 100 anos e herdamos alguma forma de imunidade genética, revelou o autor principal do estudo, Sébastien Calvignac-Spencer.
Para entender se as novas variantes do vírus influenza foram piores, os cientistas estudaram seis pulmões humanos datados dos anos da pandemia de 1918 e 1919, conservados em formalina, em arquivos de patologia na Alemanha e Áustria. Os pesquisadores determinaram que os três pulmões contêm vírus influenza.
Os resultados da pesquisa, publicada no portal bioRxiv, sugerem que o vírus sofreu uma mutação para se tornar mais eficaz entre a primeira onda e as ondas posteriores, evoluindo para melhor superar as defesas celulares contra a infecção, disse Calvignac-Spencer.
As mutações genéticas que surgiram entre a primeira e a segunda ondas podem ter feito com que o vírus se adaptasse melhor à propagação entre os humanos do que entre as aves, seus hospedeiros naturais.
Outra mutação pode ter mudado a forma como o vírus interage com a proteína humana Mxa, que ajuda a realizar a resposta imune do corpo a novos patógenos.
"É interessante fazer paralelos, por exemplo, o fato de ter havido múltiplas ondas sucessivas é um padrão intrigante", disse o cientista sobre a comparação da pandemia de 1918 e a pandemia da COVID-19.
Os cientistas podem saber hoje mais sobre a pandemia da COVID-19 do que jamais poderiam sobre a da gripe espanhola. Quanto mais os pesquisadores aprenderem sobre a pandemia atual, tanto mais entenderão a pandemia anterior, e não o contrário, revelou o cientista.
Um avanço significativo foi os pesquisadores terem conseguido sequenciar com precisão o genoma do vírus em tecido humano preservado em formalina por mais de 100 anos, o que era difícil até agora.