O médico infectologista Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos EUA e principal conselheiro médico do presidente norte-americano, afirmou que as revelações recentes sugerindo que ele foi avisado no início da pandemia do novo coronavírus para as "características incomuns" do SARS-CoV-2 e que o vírus poderia ter sido "desenvolvido" foram "retiradas do contexto".
"O único problema é que eles estão realmente prontos para serem tirados do contexto, onde alguém pode cortar uma frase em um e-mail sem mostrar os outros e-mails e dizer 'com base em um e-mail do doutor Fauci, ele disse isso e aquilo' onde você realmente não tem o contexto completo", afirmou médico infectologista em entrevista à emissora NewsNation.
As justificativas de Fauci ocorrem após a divulgação de mais de 3.200 páginas de e-mails obtidas pelo jornal The Washington Post e pelo portal Buzzfeed News que datam de janeiro a junho de 2020.
Vírus criado em laboratório?
As mensagens mostram como Fauci lidou com o fluxo massivo de informações quando a pandemia de COVID-19 começou a devastar os EUA. Em particular, os e-mails revelam que o médico conversou com um ex-conselheiro de saúde do governo Obama (2009-2017), discutiu tratamento antiviral e entrou em contato com o CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, quando este anunciou a criação de um "centro de informações" sobre o novo coronavírus e perguntou se a plataforma pode ajudar a acelerar os protocolos de teste.
Entre os e-mails também havia alertas dos principais especialistas em vírus afirmando que a COVID-19 pode ter sido criada em laboratório.
Fauci minimizou essas afirmações em público, mas, recentemente, o principal conselheiro médico do presidente dos EUA afirmou que "não estava convencido" de que o vírus havia evoluído naturalmente.
"Acho que devemos continuar investigando o que aconteceu na China até que continuemos a descobrir da melhor maneira possível o que aconteceu", disse Fauci na semana passada.
No início de maio, Biden ordenou que membros da comunidade de inteligência dos EUA produzissem um relatório em 90 dias para encerrar o debate sobre se o SARS-CoV-2 se espalhou para humanos a partir de animais de forma natural ou se vazou de um laboratório na China, e prometeu divulgar o relatório na íntegra.
Em março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou o relatório de um grupo internacional de especialistas enviado pela entidade à cidade chinesa de Wuhan para investigar a origem do vírus. O documento afirma que é muito improvável que o SARS-CoV-2 tenha vazado de um laboratório.