Yair Lapid, presidente do partido Yesh Atid, informou na quarta-feira (2) a Reuven Rivlin, presidente de Israel, que conseguiu forjar uma coalizão depois que Naftali Bennett, chefe da aliança de partidos Yamina integrada apenas pelo partido Hayamin Hehadash que ele também dirige, deu seu consentimento para a formação de um governo conjunto.
No entanto, para que Lapid tenha sucesso, ele precisa do acordo de 61 membros da coalizão potencial. Antes de Bennett dar sua luz verde, o presidente do Yesh Atid tinha apenas 55 aprovações, e o chefe do Yamina deveria se tornar o elo perdido que traria consigo mais cinco legisladores.
Divisão interna
No entanto, o próprio Bennett ainda está lutando para que isso aconteça. Seu principal problema é a número dois na lista da Yamina, Ayelet Shaked.
Conhecida por seus fortes pontos de vista, inclusive sobre a questão de Jerusalém, prisioneiros palestinos e atividades de colonização, ela achou difícil entrar em uma coalizão que dependeria do Raam, um partido islâmico que se acredita ter laços com a Irmandade Muçulmana (organização terrorista, considerada terrorista na Rússia e em vários outros países).
Nesta quinta-feira (3), manifestantes pertencentes ao bloco conservador de Israel organizaram mais uma manifestação em frente à casa de Shaked, em Tel Aviv, e a exortaram a "voltar para casa".
Comícios semelhantes também são esperados em frente às casas de outros membros da Yamina, que teriam se recusado a ceder, a seguir o caminho de Bennett, e a dar sua aprovação para entrar em um governo com supostos apoiadores de terroristas.
A mídia israelense diz que Nir Orbach, um dos membros da Yamina, assim como Shaked, apesar de ter realizado uma reunião com Bennett que havia terminado em "um bom tom" para formar um governo, estaria hesitando entrar em uma coalizão com o Lapid e partidos árabes, algo que poderia ser visto como traição por eleitores da direita. Por outro lado, entrar em um governo com Lapid poderia dar aos membros da Yamina posições-chave ministeriais e acordos que são difíceis de resistir.
Amichai Shikli, outro membro da Yamina, estaria com dificuldades em orientar sua política, mas ao contrário do perfil discreto da aliança de direita, ele é vocal, e considera este passo uma traição e violação grossa das promessas da direita, que esperavam um governo conservador.
Ao contrário de Shaked e Orbach, Shikli já informou Bennett que não tem intenção de renunciar seu posto, e que votaria contra um governo que dependa do Raam.
Horizonte pouco brilhante?
Bennett tentará convencê-lo de um compromisso, mas se ele falhar, o significado prático disso seria que a coalizão Lapid-Bennett desmoronará antes mesmo de ter dado seu primeiro suspiro.
Nesse caso, o mandato terá que voltar ao Knesset, o Parlamento de Israel, onde os legisladores terão 21 dias para lançar outro candidato que poderá produzir 61 assinaturas e formar um governo.
Benjamin Netanyahu, ainda primeiro-ministro do país, pode tentar sua sorte novamente, mas as chances de conseguir isso são poucas, e se acontecer, a perspectiva de Israel seguir para mais uma rodada de eleições parece estar mais uma vez no horizonte.