Think tank insta Washington a pôr fim ao 'erro estratégico' de frustrar ambições de defesa europeia

© REUTERS / François LenoirFlags of NATO member countries flutter at alliance headquarters in Brussels, Belgium, February 28, 2020.
Flags of NATO member countries flutter at alliance headquarters in Brussels, Belgium, February 28, 2020. - Sputnik Brasil, 1920, 03.06.2021
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Na opinião do Centro para o Progresso Americano, dos EUA, Washington tem desde os anos 1990 exercido um "veto" contra uma política de defesa integrada da União Europeia.

O think tank Centro para o Progresso Americano publicou um relatório na terça-feira (1º), antes da primeira viagem ao exterior de Joe Biden como presidente dos EUA, para participar das cúpulas do G7 e da OTAN, convida o chefe do Executivo a rever a política de seus antecessores, que se opuseram à integração da defesa da União Europeia (UE) por décadas.

Os especialistas pedem explicitamente a Washington que deixe de frustrar as tentativas dos aliados europeus de gastar mais com suas próprias forças armadas, mantendo-as dentro da meta de gastos da OTAN de 2% do PIB.

"A dependência da Europa dos Estados Unidos para sua segurança significa que os EUA possuem um veto de fato sobre a direção da defesa europeia", diz o relatório do Centro para o Progresso Americano, escrito por Max Bergmann, James Lamond e Siena Cicarelli.

'Erro estratégico'

Os autores argumentam que, se a UE fosse autorizada a prosseguir com suas próprias iniciativas de defesa, tanto economizaria dinheiro quanto melhoraria a capacidade de combate.

O relatório, que afirma que os EUA impedem a UE desde os anos 1990 de realizar suas "ambições de defesa", chama a situação atual de "salgalhada" de forças nacionais, que a OTAN é forçada a coordenar.

"Esta abordagem política tem sido um grande erro estratégico, um erro que enfraqueceu militarmente a OTAN, prejudicou a aliança transatlântica e contribuiu para o declínio relativo da influência global da Europa", diz.

Os autores do novo relatório chamam atenção para o estado do equipamento militar da Europa, que está em "chocante degradação" e "não é suficientemente bom", culpando o bloco europeu, mas também os EUA.

© AP Photo / Michael ProbstAeronave militar norte-americana decola da Base Aérea de Ramstein dos EUA em Ramstein, Alemanha, 9 de junho de 2020
Think tank insta Washington a pôr fim ao 'erro estratégico' de frustrar ambições de defesa europeia - Sputnik Brasil, 1920, 03.06.2021
Aeronave militar norte-americana decola da Base Aérea de Ramstein dos EUA em Ramstein, Alemanha, 9 de junho de 2020

"Washington tem desempenhado um papel crítico, se bem que menosprezado, na precipitação deste fracasso", afirmam os especialistas, sublinhando a contínua pressão para aumentar as despesas da OTAN, algo que o ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021) fez de forma mais agressiva do que seus antecessores, como central para o resultado "deplorável".

'Parceiro igual na aliança'

Abordando a questão da "duplicação" das capacidades da OTAN, o think tank sugere que Bruxelas deve desenvolver suas próprias capacidades essenciais, impulsionando seu poder militar global e aspirando a se tornar um "parceiro igual na aliança".

Os oponentes da integração militar da UE há muito tempo têm argumentado contra qualquer "duplicação" das capacidades da OTAN, particularmente na área de "comando e controle", argumentando que isso poderia sugar recursos da aliança.

O general aposentado Philip Breedlove, ex-comandante supremo aliado da OTAN para a Europa, há muito que apoia esta posição.

"Se essas nações, que também estão na OTAN, querem gastar em sua defesa, eu vejo isso como uma coisa boa, porque qualquer coisa que beneficie a UE também beneficiará a OTAN", disse, citado na quarta-feira (2) pelo jornal Politico.

Ideia de exército pan-europeu

Apesar da posição assumida pelos presidentes dos EUA ao longo dos anos, líderes da UE, incluindo Emmanuel Macron, presidente da França, e Angela Merkel, chanceler da Alemanha, há algum tempo que desejam criar um exército da UE.

Em novembro de 2018, Macron apelou a um "exército europeu", para proteger a Europa da "China, Rússia e até dos Estados Unidos da América", como resposta à retirada dos EUA do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermediário, assinado em 1987 com a URSS.

Embora a ideia tenha sido classificada por alguns políticos da UE como "irrealista e indesejável", David Sassoli, presidente do Parlamento Europeu, declarou em 2020 na Rádio 24 da Itália:

"Não é um dado adquirido que no futuro próximo não teremos algo que se assemelhe a um exército europeu, porque as questões de segurança de hoje forçam cada vez mais Estados-membros a trabalharem juntos".

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