Esta poderia ser uma grande oportunidade para o gigante asiático estabelecer sua influência na área geográfica em causa, uma vez que as forças dos EUA se encontram de saída, reporta o jornal South China Morning Post.
Após uma reunião on-line sobre o processo de paz e reconciliação no Afeganistão, o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, juntamente com seus homólogos do Afeganistão e do Paquistão, vê a saída das tropas estadunidenses do país como uma oportunidade para Cabul "controlar verdadeiramente seu destino", e poderia ser bom para a estabilidade afegã a longo prazo.
"Os três lados [China, Afeganistão e Paquistão] concordaram em aprofundar a cooperação na Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, apoiando sua expansão substancial para o Afeganistão, e o aumento do nível de interconexão entre os três países", disse Wang, citado pela mídia chinesa.
Os representantes dos Estados mencionados também concordaram em criar um forte mecanismo de diálogo entre os respectivos ministros das Relações Exteriores, sendo que Pequim pediu para adicionar enviados chineses para discutirem medidas específicas a serem tomadas sobre a situação do Afeganistão.
Pequim tem trabalhado para fortalecer a cooperação com os países da Ásia Central em questões de segurança, principalmente para controlar possíveis propagações de turbulência vindas do Afeganistão.
Durante uma reunião com os ministros das Relações Exteriores do Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão, e Uzbequistão no mês passado, Pequim afirmou que juntos deveriam reprimir atividades terroristas, bem como prevenir o crime transnacional. De igual modo, também em maio, a China se ofereceu para funcionar como sede para conversações entre os partidos do Afeganistão, em uma conversa telefônica com o conselheiro de segurança nacional afegão, Hamdullah Mohib.
Os EUA devem retirar seus últimos 2.500 a 3.500 soldados em solo afegão até 11 de setembro deste ano, após duas décadas de intensas missões militares no país.
Contudo, tal como outras nações, a China teme que, com a saída das tropas norte-americanas do Afeganistão, grupos terroristas possam voltar a proliferar na região e tomar o controle. Esse cenário seria perigoso não só para os projetos relacionados com a Iniciativa Um Cinturão, Uma Rota, mas também poderia ameaçar a região muçulmana chinesa de Xinjiang, que faz fronteira com o Afeganistão.
Porém, segundo Zhu Yongbiao, professor de Relações Internacionais na Universidade de Lanzhou, China, é nesse aspeto que Pequim e Washington podem cooperar: o desenvolvimento e segurança interna do Afeganistão. Os EUA podem não retirar por completo sua influência da região, mas o professor indica que o gigante asiático, provavelmente, "estará mais ativo no Afeganistão de agora", o que significa "que a influência da China no país será expandida", diz Zhu, citado pela mídia.