Pouco depois de um mês antes da Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado oficialmente a existência da pandemia, vários cientistas e especialistas indianos apontaram para alegadas evidências de que o vírus letal teria sido vazado do Instituto de Virologia de Wuhan (WIV, na sigla em inglês).
Em 31 de janeiro de 2020, uma equipe de biólogos da Escola de Ciências Biológicas de Kusama, do Instituto de Tecnologia Indiano (IIT, na sigla em inglês) em Nova Deli, publicou uma pesquisa de 22 páginas na plataforma bioRxiv, na qual apontaram aspectos similares entre o SARS-CoV-2 e o HIV.
Durante o estudo da estrutura da proteína do vírus, a equipe indiana encontrou quatro inserções únicas na nova glicoproteína do coronavírus, nunca vistas em nenhum outro coronavírus. As inserções são essenciais para que o vírus identifique e se fixe nas células hospedeiras em humanos, para que depois se possa multiplicar, explica a mídia indiana.
Com este estudo, pesquisadores sinalizaram a possibilidade de o vírus ter sido projetado em um laboratório. No entanto, a equipe foi severamente bombardeada com críticas que os levaram a retirar o artigo logo após sua publicação, conta o MIT Technology Review.
Os cientistas Rahul Bahulikar e Monali Rahalkar da cidade de Pune, no estado de Maharashtra, disseram à revista indiana The Week que após lerem vários artigos científicos sobre coronavírus e COVID-19, descobriram que um parente do SARS-CoV-2, o RATG13, também um coronavírus, teria sido coletado de uma zona miséria em Mojiang, na província de Yunnan, no sul da China, pelo WIV.
Ambos os cientistas rejeitam a teoria de que a COVID-19 foi originada de uma infecção natural transmitida de animais para humanos, apontando que não há qualquer prova sobre isso. Segundo Bahulikar e Rahalkar, a estrutura do SARS-CoV-2, o vírus por detrás da COVID-19, revela que esta já estaria pronta para infectar humanos, o que indica que poderia ter sido criada em laboratório.
Sabendo isto, a dupla de cientistas indianos instou à OMS que investigasse mais aprofundadamente a teoria de vazamento de laboratório, mesmo após sua missão em março ao laboratório de Wuhan ter definido tal possibilidade como "extremamente improvável".
Agências de inteligência de vários países têm conduzido suas próprias investigações para determinar a origem do novo coronavírus.
O presidente dos EUA, Joe Biden, também ordenou recentemente às agências de inteligência que aumentassem seus esforços para determinarem como o vírus se originou, incluindo a teoria do vazamento de laboratório. De igual modo, também a UE, o Reino Unido, a Austrália e o Japão se juntaram a Washington para uma investigação mais detalhada das origens da pandemia.
Por sua vez, na semana passada, o Ministério de Relações Exteriores da China rejeitou a teoria do vazamento do laboratório de Wuhan, acusando os EUA - e seus aliados - de fazerem "jogos políticos".