Os seres vivos invertebrados multicelulares em causa são rotíferos bdeloides, e sua espécie é somente composta por fêmeas. Contudo, sua principal característica é a espetacular capacidade em se adaptarem às condições mais inóspitas para a vida, tais como a seca, fome e escassez de oxigênio. Estas criaturas se encontram na Terra há pelo menos 35 milhões de anos, e atualmente podem ser encontradas em lagos, poças e outros ambientes úmidos, informa The Guardian.
O estudo que detalha tamanha descoberta foi publicado na segunda-feira (7) na revista de biologia Current Biology.
Várias amostras de rotíferos bdeloides foram coletadas a 3,5 metros de profundidade no rio Alazeya, no nordeste da Sibéria, na Rússia. Contudo, curiosamente, sua natureza morfológica e molecular é bastante idêntica aos rotíferos Adineta, coletados na Bélgica.

Estes seres vivos, possuindo um sistema digestivo completo, conseguem suportar condições extremas interrompendo toda sua atividade corporal, quase parando por completo seu metabolismo.
Este comportamento se chama de criptobiose, o que significa "vida escondida", disse Stas Malavin, pesquisador no Laboratório de Criologia em Pushchino, na Rússia. "É um estado que está entre a vida e a morte", disse ele citado na matéria.
Os rotíferos encontrados no permafrost estariam sob as patas de grandes criaturas peludas – como o rinoceronte-lanudo – que hoje se encontram extintas, observou o cientista. Uma vez descongelados em laboratório, os rotíferos foram capazes de se reproduzirem de novo.
O estudo destas criaturas pode vir a ajudar na busca de maneiras de melhorar a criopreservação de células, tecidos e órgãos, sugeriram os pesquisadores, uma vez que "[humanos] não podem preservar órgãos e tecidos por um tempo tão considerável. Esses rotíferos, juntamente com outros organismos encontrados no permafrost, representam o resultado de um grande experimento natural que não podemos replicar [...] logo, eles são bons modelos para estudar de maneira mais aprofundada [esse processo]", disse Malavin, citado pela mídia britânica.