Enquanto pacientes com COVID-19 têm sido expostos ao risco de aparecimento de outras complicações, entre as quais o aumento da tensão cardíaca e fadiga severa, que pode permanecer durante meses após o diagnóstico, os novos sintomas relatados da variante indiana darão um foco renovado ao controle da propagação da doença.
Na Inglaterra e na Escócia, as primeiras evidencias sugerem que a cepa, que se tornou dominante lá, apresenta um risco mais elevado de internação hospitalar, escreve Bloomberg.
A variante delta, também conhecida como B.1.617.2, nos últimos seis meses já se espalhou para mais de 60 países, provocando restrições de viagens internacionais.
Abdul Ghafur, médico de doenças infecciosas no Hospital Apollo em Chennai, no sul da Índia, disse que agora tem sido registrado um maior número de pacientes com diarreia do que na onda inicial da pandemia.
"No ano passado, pensávamos que havíamos aprendido sobre nosso novo inimigo, mas isso mudou. Este vírus tornou-se tão, tão imprevisível", disse o médico.
As variantes beta e gama, detectadas pela primeira vez na África do Sul e no Brasil, respectivamente, mostraram poucas ou nenhumas evidências de desencadear sinais clínicos incomuns, de acordo com um estudo realizado em maio por pesquisadores da Universidade de Nova Gales do Sul (UNSW, na sigla em inglês).
Alguns pacientes desenvolveram microtrombos, ou pequenos coágulos sanguíneos, tão graves que eles podem provocar a morte do tecido afetado e, por conseguinte, o desenvolvimento de gangrena, disse Ganesh Manudhane, um cardiologista de Mumbai que já tratou nos últimos dois meses oito pacientes por complicações trombóticas no Hospital Seven Hills. Em dois dos pacientes foi necessária a amputação de dedos ou de um pé.
"Vi três a quatro casos ao longo de todo o ano passado, e agora é um paciente por semana", concluiu o cardiologista indiano.