"Se os riscos mudaram? Sim, existe uma relação mais competitiva entre os EUA e a China, e as chances de um conflito sobre Taiwan – embora eu não acredite que elas estejam altas agora – elas certamente aumentaram [...] Algo pode dar errado", disse Phillip Saunders, diretor do Centro de Estudos de Assuntos Militares Chineses da Universidade de Defesa Nacional, citado pelo South China Morning Post.
Enquanto Moscou e Washington se enfrentaram por décadas na corrida às armas nucleares, tradicionalmente, a China foi ficando de lado na competição. Contudo, com seu crescimento militar, político e tecnológico, o gigante asiático acabou por alterar essa equação.
Uma preocupação particular por parte dos EUA é que Pequim pode ser forçada a adotar uma política – defendida por alguns no Exército de Libertação Popular (ELP) da China – de utilizar suas armas ao primeiro sinal de um possível ataque, aumentando o risco de consequências indesejadas.
Sabendo disso, há que ter em consideração o contexto geopolítico no qual a China se encontra, nomeadamente da postura mais dura da China sob o presidente Xi Jinping, das disputas territoriais com seus vizinhos, das alegadas repressões de Pequim em Hong Kong e Xinjiang e, por último, o fim dos limites não oficiais de mandatos, que podem fazer com que Xi Jinping continue liderando a nação por mais décadas, segundo a mídia.
Apesar de sua política de não agressão – isto é, não ser o primeiro ator a atacar – Pequim evita total transparência relativamente a suas ambições nucleares, alimentando receios dos EUA e seus aliados tanto na região do Indo-Pacífico como no Ocidente.
É neste aspeto que, segundo Caitlin Talmadge, professora associada de Estudos de Segurança na Escola de Serviços Estrangeiros da Universidade de Georgetown, "os EUA têm também um papel a desempenhar", disse ela citada na matéria.
Encontrar maneiras criativas de cooperar, focando na gestão de crises e envolvendo Pequim nas discussões sobre controle de armas, teria muito mais potencial do que um confronto nuclear contínuo, afirmam especialistas no assunto.
"Se contarmos com a defesa antimísseis como uma componente principal da maneira como vamos enfrentar a crescente ameaça chinesa, estaremos jogando para perder com uma economia que tem continuado superando nossa, e que tem capacidade para gastar consideravelmente mais em prioridades militares do que está fazendo atualmente", advertiu Christopher Twomey, professor associado da Escola de Pós-Graduação Naval, citado pelo South China Morning Post.
O professor também acrescentou que "encontrar maneiras de reduzir a pressão nesse sentido deve ser uma alta prioridade". É importante referir que Twomey foi organizador de um diálogo nuclear não oficial entre os EUA e a China que foi suspenso durante os anos da presidência de Donald Trump.