O vice-presidente Hamilton Mourão (PRTB-RJ) se queixou de ter sido excluído de reuniões governamentais pelo presidente Jair Bolsonaro e criticou a ideia de passaporte sanitário.
"Eu não entendo por que ele me exclui dessas reuniões, e lamento, porque deixo de tomar conhecimento de assuntos que o governo está debatendo […]. Eu já deixei muito claro ao presidente que ele tem a minha lealdade […]. Por outro lado, ele sabe que a minha visão de mundo em muitos assuntos é totalmente distinta da dele, assim como o meu modo de agir", disse o vice-presidente ao jornal O Globo nesta quinta-feira (17).
Mourão também disse não acreditar que um passaporte de vacinação funcionaria no Brasil. No início do mês, o Senado aprovou um projeto que prevê a criação de um certificado sanitário para saber quem foi vacinado ou teve teste negativo para COVID-19. O texto ainda precisa ser analisado pela Câmara, mas Bolsonaro já disse que vetará a proposta.
"Cada um terá de andar com um cartãozinho na carteira dizendo que foi vacinado […]. Isso aqui é Brasil, pelo amor de Deus! Vai ter falsificação do passaporte, venda no camelô. Você vai à Central do Brasil, aí no Rio, e vai comprar o passaporte para você", afirmou o vice-presidente à mídia.
Levante bolsonarista
Durante a entrevista, Mourão disse que não vê espaço para um levante bolsonarista promovido por policiais militares em caso de derrota na disputa das eleições de 2022.
"Não tem espaço", começou por dizer o vice-presidente, afirmando que algo como o que aconteceu em 6 de janeiro nos EUA, quando apoiadores do ex-presidente Donald Trump invadiram o Congresso norte-americano para protestar contra a certificação dos votos no democrata Joe Biden no Colégio Eleitoral e deixou cinco mortos, não ocorreria no Brasil.
"Você não pode comparar a sociedade americana com a brasileira. É óbvio que você encontra um número significativo de policiais simpáticos ao nosso governo e, em particular, ao presidente Bolsonaro, mas você também tem policiais que são simpáticos à esquerda, ao PT, seja lá quem for […]. O processo brasileiro é outro, totalmente diferente. Então, eu não temo nada disso daí", garantiu.