A retórica antirrussa e de confrontação expressa no comunicado final da cúpula do grupo G7 em relação à Rússia não contribui para melhorar a atmosfera nas relações entre Moscou e o Ocidente, disse na quinta-feira (17) Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
"Quanto à discussão e às passagens relevantes do comunicado final sobre a Rússia, não vimos nada de fundamentalmente novo, tal como esperado. Mais uma vez, foi reproduzido o conhecido conjunto de atitudes de confronto", comentou em um briefing.
"Bem, se nossos colegas não podem se expressar de outra forma, nós não podemos, e provavelmente não queremos, proibir-lhes isso. É evidente que os exercícios intermináveis de retórica antirrussa não são propícios a sanar a atmosfera nas relações entre o Ocidente e a Rússia."
Os resultados da cúpula da OTAN são os esperados, com a aliança mantendo uma abordagem destrutiva sob forma de "contenção e diálogo" com Moscou, observou Maria Zakharova.
"Estes resultados eram bastante previsíveis. A aliança obviamente sonha com um papel global, prepara-se para a rivalidade com a China", disse.
"Em relação à Rússia, a aliança permanece em uma realidade inventada, mais uma vez ouvimos falar de supostas ações agressivas da Rússia [...] A posição do bloco sobre a Rússia permanece estagnada, persiste a abordagem destrutiva, a chamada abordagem dupla sob a forma de 'contenção e diálogo'. Pergunto-me onde isso funcionou para eles", acrescentou.
A declaração da OTAN de que não confia na proposta da Rússia de uma moratória sobre a implantação de forças nucleares de alcance intermediário também é absurda, afirmou a diplomata.
"Nossa proposta de uma moratória mútua à instalação de mísseis de alcance intermediário na Europa, com a possibilidade de verificação de seu cumprimento, foi declarada não confiável, com a recusa total de discuti-la. Este é mais um ato do teatro do absurdo", respondeu ela quando perguntada sobre o assunto.
Ponto de concórdia possível
Ao mesmo tempo, referiu ela, Moscou entendeu a tese do desejo do G7 em ter relações estáveis e previsíveis com a Rússia.
"Esperamos que estas não sejam palavras vazias, mas um desejo sincero dos participantes da cúpula, e não só isso, que eles possam suportar essas declarações com ações práticas [e] concretas."
"Nós, de nossa parte, não apenas demonstramos estabilidade e previsibilidade nas relações internacionais por mais de uma vez, mas o fazemos regularmente. Reiteramos nossa disponibilidade para medidas nessa direção, naturalmente, estritamente com base na igualdade, pragmatismo e respeito mútuo", sublinhou Zakharova.
O grupo G7 apresentou um comunicado final após a cúpula, que decorreu na Cornualha, Reino Unido, entre sexta-feira (11) e domingo (13), tendo discutido questões como medidas contra a pandemia provocada pelo SARS-CoV-2, desnuclearização, mudanças climáticas, mas também um posicionamento de adversário estratégico contra a Rússia e a China.
A cúpula da OTAN foi realizada na segunda-feira (14) em Bruxelas, Bélgica, com a participação dos líderes dos países aliados. A cúpula discutiu o novo conceito estratégico da aliança até 2030, a Rússia, a China, o fortalecimento do desenvolvimento técnico, o combate às mudanças climáticas e as ameaças no ciberespaço e no espaço exterior.