'Posição de fraqueza' não pode ser ponto de partida do Irã com EUA, diz ex-presidente iraniano

© AP Photo / Vahid SalemiMahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã (2005-2013), faz o sinal de vitória ao registrar seu nome como candidato às eleições presidenciais iranianas na sede do Ministério do Interior em Teerã, Irã, 12 de maio de 2021
Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã (2005-2013), faz o sinal de vitória ao registrar seu nome como candidato às eleições presidenciais iranianas na sede do Ministério do Interior em Teerã, Irã, 12 de maio de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 19.06.2021
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Mahmoud Ahmadinejad, presidente da República Islâmica entre 2005 e 2013, disse à Sputnik que o acordo nuclear foi injusto para Teerã, e criticou a política do presidente iraniano Hassan Rouhani com os países vizinhos.

O Irã pode tornar as sanções ocidentais ineficazes se usar seus recursos econômicos e naturais, disse Mahmoud Ahmadinejad, ex-presidente do Irã (2005-2013), em entrevista à Sputnik.

"O Irã é um grande país, com enormes recursos humanos, econômicos e naturais. Se os utilizarmos, as sanções se tornarão uma ferramenta ineficaz, [e] a situação mudará", afirmou Ahmadinejad, acrescentando que a economia persa pode prescindir das receitas provenientes da venda de petroquímicos.

Ele também observou que a economia do Irã pode prescindir das receitas provenientes da venda de hidrocarbonetos.

"Nós [Irã] somos uma economia endógena. Ela requer muito trabalho e esforços. O Estado tem recursos suficientes, mas eles não são utilizados. Todas as minas, energia, terra e florestas estão nas mãos do Estado. Alguns deles são usados, e então o governo não precisa de orçamentos petrolíferos", comentou o ex-presidente.

Acordo nuclear

Em meio às tentativas de restaurar o Plano de Ação Conjunto Global (JCPOA, na sigla em inglês), que estão decorrendo em Viena, Áustria, desde abril, o ex-presidente ofereceu sua opinião sobre as negociações.

"O JCPOA é um acordo imperfeito, tem muitas falhas [...]. Reviver o acordo nuclear é uma tarefa muito difícil e eu acho que é impossível."

Ahmadinejad explicou que o motivo do fracasso do acordo nuclear foi o não cumprimento das normas internacionais e dos direitos fundamentais contidos no acordo.

"É um tratado unilateral e injusto. Não há equilíbrio entre os interesses e obrigações das partes na base deste acordo, e não é um mecanismo claro de resolução de disputas, mas um mecanismo unilateral contra o Irã", opinou.

O Irã deve resolver os impasses com os EUA, mas não a partir de uma posição de fraqueza, disse o ex-presidente iraniano.

"O mundo está cheio de oportunidades: há muitos países que estão prontos para cooperar, independentemente da política de dominação dos EUA. Não estou dizendo que os problemas com os EUA não precisam ser resolvidos, [mas] isso deve ser feito somente no âmbito da justiça, respeito e normas internacionais, não unilateralmente a partir de uma posição de fraqueza", afirmou, referindo que as relações do Irã com seus vizinhos se deterioraram com a presidência de Hassan Rouhani.

"A política externa do Irã tem sido limitada durante o governo de Rouhani, e qualquer nova solução, oportunidade e atmosfera que possa mudar a situação atual deve ser bem-vinda", apontou.

© AP Photo / Gabinete da Presidência iranianaPresidente iraniano Hassan Rouhani fala em uma reunião de gabinete em Teerã, Irã
'Posição de fraqueza' não pode ser ponto de partida do Irã com EUA, diz ex-presidente iraniano - Sputnik Brasil, 1920, 19.06.2021
Presidente iraniano Hassan Rouhani fala em uma reunião de gabinete em Teerã, Irã

Os EUA restabeleceram duras sanções contra a República Islâmica em maio de 2018, depois que a administração norte-americana de Donald Trump anunciou sua retirada unilateral do JCPOA. O acordo, negociado em 2015 pelo Reino Unido, Alemanha, China, Rússia, EUA, França, e Irã, retirava as sanções contra Teerã em troca da contenção do programa nuclear iraniano.

Destino da República Islâmica

Em relação ao futuro do Irã, o país enfrentará grandes mudanças após as eleições presidenciais, disse Mahmoud Ahmadinejad.

"Devemos esperar grandes mudanças nas relações e na ordem mundial em um futuro próximo. O mesmo é verdade no Irã. Grandes mudanças e reformas também ocorrerão no Irã", segundo o ex-presidente.

De acordo com os dados oficiais, Ibrahim Raisi, chefe do judiciário iraniano, venceu as eleições presidenciais do Irã realizadas na sexta-feira (18), com 61,9% dos votos, 17,9 milhões dos 28,9 milhões de eleitores. Todos os rivais de Raisi reconheceram sua vitória.

Mahmoud Ahmadinejad serviu como presidente do Irã de 2005 a 2013. Durante sua presidência, o Irã começou a desenvolver ativamente seu programa nuclear.

Devido a isso, Washington impôs sanções contra o Irã, que afetaram o setor financeiro, as exportações de energia e de armas do país. Ahmadinejad concorreu nas eleições presidenciais de 2017, e nas eleições de 2021, mas as autoridades iranianas não endossaram sua candidatura. 

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