Premiê do Paquistão rejeita solicitação da CIA para usar bases do país para operações no Afeganistão

© REUTERS / Saiyna BashirPrimeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, gesticula durante entrevista em Islamabad, Paquistão. Foto de arquivo
Primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, gesticula durante entrevista em Islamabad, Paquistão. Foto de arquivo - Sputnik Brasil, 1920, 19.06.2021
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Em meio a tentativas falhas dos EUA, devido a proximidade e laços com a Rússia, de abordar ex-repúblicas soviéticas ao norte do Afeganistão para migrar as operações após a retirada de suas tropas em setembro, Washington procura sorte em outros países.

O premiê do Paquistão, Imran Khan, afirmou que a Agência Central de Inteligência (CIA, na sigla em inglês) dos EUA "absolutamente não" terá permissão para operar em solo paquistanês depois que Washington concluir sua retirada do Afeganistão em setembro. A declaração foi dada ao portal Axios, que transmitirá uma entrevista com o premiê no domingo (20).

A recusa não é por falta de tentativas dos EUA: o diretor da CIA, William Burns, e o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, visitaram o Paquistão nos últimos meses para discutir a continuidade da cooperação. No entanto, o governo paquistanês rejeitou todas as tentativas como um acordo, uma vez que Islamabad mantém uma relação muito próxima com o Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em vários outros países), exatamente a organização contra quem os EUA estariam operando.

© REUTERS / Asmaa WaguihFuzileiros navais dos EUA disparam durante uma emboscada do Talibã enquanto realizam operação na província de Helmand, Afeganistão (foto de arquivo)
Premiê do Paquistão rejeita solicitação da CIA para usar bases do país para operações no Afeganistão - Sputnik Brasil, 1920, 19.06.2021
Fuzileiros navais dos EUA disparam durante uma emboscada do Talibã enquanto realizam operação na província de Helmand, Afeganistão (foto de arquivo)

Paquistão tem papel importante no Afeganistão

A Agência de Inteligência do Paquistão (ISI, na sigla em inglês) foi a porta de entrada de Washington para o Afeganistão por décadas antes da invasão dos EUA em outubro de 2001, proporcionando uma via pela qual os EUA poderiam canalizar apoio financeiro e material para tribos afegãs que lutavam contra o governo socialista afegão e seus aliados soviéticos na década de 1980, incluindo aqueles que mais tarde se tornariam o Talibã, e depois para grupos que resistiam ao governo do Talibã, que chegou ao poder após o colapso do governo socialista em 1996.

Os EUA e o Talibã chegaram a um acordo de paz em fevereiro de 2020 para que Washington encerrasse sua ocupação de 20 anos e, Cabul e retirasse suas tropas, um acordo semelhante entre o Talibã e o governo afegão se mostrou ilusório.

Dessa forma, segundo o jornal The New York Times, os EUA estão em busca de representantes no Afeganistão para apoiar depois que as últimas tropas dos EUA partirem, aparentemente refletindo a crença de que o Talibã, agora fora do poder, não levará as negociações de paz a sério e que o governo afegão entrará em colapso rapidamente em face de uma nova ofensiva da organização.

No entanto, embora Islamabad não vá cooperar com os EUA, o presidente afegão Ashraf Ghani sinalizou que seu governo pode buscar a ajuda do Paquistão para alcançar a estabilidade sem os EUA.

"A paz será principalmente decidida regionalmente e acredito que estamos em um momento crucial de repensar. É antes de mais nada uma questão de trazer o Paquistão a bordo [...]. Os EUA agora desempenham apenas um papel menor. A questão da paz ou hostilidade está agora nas mãos do Paquistão", disse Ghani ao jornal Der Spiegel em maio.

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