Os líderes da União Europeia (UE) relataram sua posição sobre a imposição de novas sanções à Rússia, disse Charles Michel, presidente do Conselho Europeu, em uma coletiva de imprensa sobre os resultados da última cúpula europeia.
"Estamos prontos para impor sanções, sempre que necessário, e considerar diferentes opções de medidas restritivas", referiu ele.
Na quinta-feira (24), após uma discussão sobre as relações com a Rússia, os líderes da UE sugeriram que a Comissão Europeia apresentasse possíveis medidas, incluindo sanções econômicas, em resposta às possíveis ações da Rússia.
As sanções contra Moscou, que vigoram desde 2014, acabaram sendo estendidas durante a cúpula, declarou Michel.
Ao mesmo tempo, os países da União Europeia continuarão discutindo possíveis formatos e condições para conversações de alto nível com a Rússia, afirmou Angela Merkel, chanceler da Alemanha.
"Creio que, à luz desta circunstância, seria racional encontrar formatos através dos quais a União Europeia também falasse com a Rússia [...] Ontem não progredimos o suficiente para termos uma reunião de alto nível com o presidente russo em breve, mas continuaremos falando sobre formatos, condições para contatos, e trabalharemos nessa direção. Voltaremos a este tópico nas próximas cúpulas", relatou em um briefing na sexta-feira (25).
Merkel acrescentou que não considera esse formato de diálogo com o líder russo "como encorajamento ou não", lembrando que mesmo durante a Guerra Fria os canais de diálogo permaneceram abertos.
Apesar de tudo, a UE acredita que a "espiral negativa" com a Rússia continuará, de acordo com Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia.
"Estamos agora em uma espiral negativa nas relações, cremos que assim continuará. Estamos prontos para responder aos ataques da Rússia contra a UE, às violações dos direitos humanos, evitaremos que minem nossos interesses."
Von der Leyen apontou que a UE "trabalhará com a Rússia quando for de nosso interesse, em particular em questões como a mudança climática e a saúde".
As conclusões adotadas após a discussão ditaram que, "a fim de melhorar a sustentabilidade da UE, o Conselho Europeu salienta a necessidade de uma resposta firme e coordenada da UE e de seus membros a quaisquer posteriores ações maliciosas, ilegais e subversivas da Rússia, fazendo pleno uso de todos os instrumentos disponíveis para a União Europeia".
Posição da Rússia
O Ministério das Relações Exteriores da Rússia teceu críticas à estratégia que está sendo desenhada pela UE.
"As 'conclusões' relacionadas à Rússia, adotadas na sessão do Conselho Europeu de 25 de junho, demonstram a continuidade dos problemas sistêmicos da UE para a elaboração de uma estratégia minimamente legível de alinhamento das relações com nosso país", disse Maria Zakharova, representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia.
Segundo suas palavras, as discussões na cúpula demonstraram claramente que o "denominador comum" da União Europeia nos assuntos russos continua sendo determinado por Estados-membros antirrussos.
"Na prática, a UE permanece refém de seus interesses conjunturais, que são contrários às aspirações dos europeus comuns. Como resultado, a União Europeia continua 'andando em círculo'. Mais uma vez, os 'princípios de [Federica] Mogherini acordados em 2016' permanecem em vigor, que associam o futuro das relações Rússia-UE com a implementação dos acordos de Minsk, que estão sendo sabotados por Kiev há vários anos", sublinhou Zakharova.
Mesmo assim, a Rússia está pronta para continuar um diálogo igualitário com a UE, advertiu a representante oficial da chancelaria russa.
"Confirmamos nossa disponibilidade para continuar um diálogo equitativo com a UE, inclusive sobre os tópicos mencionados nas 'conclusões' [da cúpula da UE], nos quais há interesse mútuo. No entanto, tal diálogo, ao contrário das esperanças de algumas capitais da UE, não pode ser dificultado por condições prévias."
"E ainda mais com ameaças de sanções unilaterais e ilegítimas contra nosso país, às quais, como é bem conhecido em Bruxelas, se seguirá inevitavelmente uma resposta proporcional", comentou Maria Zakharova.