Uma equipe de pesquisadores, trabalhando na caverna Denisova, localizada na região de Altai, Rússia, realizou "o estudo mais abrangente até agora de DNA antigo extraído de sedimentos em qualquer local do mundo", como explicaram em um artigo publicado no portal The Conversation.
Os cientistas conseguiram extrair DNA mitocondrial de mais de 700 amostras e "ancorá-lo" a "uma linha do tempo para a caverna Denisova, gerando uma imagem detalhada de quais humanos e animais estiveram presentes neste famoso local em vários momentos no passado".
"A análise do DNA dos sedimentos proporciona uma maravilhosa oportunidade de combinar as datas que determinamos anteriormente para os depósitos na caverna Denisova com evidências moleculares da presença de pessoas e fauna", disse Richard Roberts, em comunicado da Universidade de Wollongong, Austrália.
Elena Zavala do Instituto Max Planck de Antropologia Evolutiva, Alemanha, e autora principal do estudo publicado na revista Nature, revelou que eles "detectaram o DNA de denisovanos, neandertais ou antigos humanos modernos em 175 das amostras".
Os paleontólogos determinaram que o mais antigo DNA hominídeo pertencia aos denisovanos, uma forma arcaica de humanos, "que se pensava ter ocupado grandes partes da Ásia central e oriental", e que teriam feito as ferramentas de pedra mais antigas descobertas no local, entre 250.000 e 170.000 anos atrás.
Por volta do final daquela época, os neandertais chegaram ao local, com eles frequentando o local junto com os denisovanos, embora nenhum DNA relacionado a este último grupo tenha sido encontrado no sedimento datado entre 130.000 e 100.000 anos atrás.
O DNA mitocondrial humano moderno só faz sua primeira aparição "nas camadas iniciais do Paleolítico Superior, que continham pingentes e outros ornamentos feitos de ossos e dentes de animais, marfim de mamute, casca de ovo de avestruz, mármore e pedras preciosas", indica o artigo.
"Isto fornece não apenas a primeira evidência de humanos modernos antigos no local, mas também sugere que eles podem ter trazido nova tecnologia para a região com eles", conclui Zavala.
Matthias Meyer, também do Instituto Max Planck e autor sênior do estudo, observou que "ser capaz de gerar dados genéticos tão densos a partir de um sítio arqueológico é como um sonho tornado realidade", acrescentando que "este é apenas o começo".
"Há tanta informação escondida nos sedimentos, [que] isso manterá a nós e a muitos outros geneticistas ocupados por toda a vida", comentou.