Estima-se que os dinossauros tenham vivido no planeta por mais de 170 milhões de anos, até que foram repentinamente extintos pelo impacto de um grande asteroide cerca de 66 milhões de anos atrás. Embora as evidências desse impacto sejam indiscutíveis, há um debate dentro da comunidade paleontológica sobre se a extinção dos dinossauros foi abrupta ou gradual. Agora, um novo estudo fornece evidências adicionais à hipótese de que os dinossauros não-aviários já estavam oscilando à beira da extinção antes dos eventos cataclísmicos do infame impacto do asteroide.
As extinções também coincidem com um período de convulsão ambiental de longo prazo, em grande parte o resultado do desmembramento contínuo dos supercontinentes Laurasia e Gondwana. Altos níveis do mar, climas frios, a disseminação de novos habitats na Terra, bem como a atividade vulcânica massiva, podem ter desempenhado papéis significativos no evento de extinção em massa.
Até hoje, a análise de dados fósseis não produziu nenhuma evidência convincente de um declínio nas espécies de dinossauros antes de sua extinção. O registro fóssil é uma fonte de evidência notoriamente difícil, com críticas desse estudo apontando para lacunas no registro fóssil de dinossauros e vieses de amostragem que poderiam ter levado a subnotificação de certas espécies de dinossauros do período Cretáceo.
Liderados pelo filogeneticista Fabien Condamine do Centro Nacional Francês de Pesquisa Científica, os autores da pesquisa, publicada nesta terça-feira (29) na Nature Communications, afirmam que os desenvolvimentos metodológicos na análise de dados lhes permitiram levar em conta certos vieses nos dados fósseis, junto com incertezas em torno da idade dos mesmos.
A equipe analisou 1.600 fósseis de dinossauros para avaliar as taxas de especiação e extinção de seis famílias de dinossauros principais: Ankylosauridae, Ceratopsidae, Hadrosauridae, Dromaeosauridae, Troodontidae e Tyrannosauridae. Eles descobriram que a diversidade de dinossauros não-aviários começou a diminuir há aproximadamente 76 milhões de anos - isto é, 10 milhões de anos antes do impacto do asteróide na península de Iucatã. Eles sugerem que o declínio está ligado ao aumento das taxas de extinção em espécies mais velhas, que podem não ter novidades evolutivas e foram incapazes de se adaptar às mudanças nas condições ambientais.
"Esses resultados implicam que os períodos quentes favorecem a diversificação dos dinossauros, enquanto os períodos mais frios levam a extinções aumentadas", afirmam os autores.
Fatores ecológicos e físicos apontam para um clima de resfriamento como um catalisador para o declínio das espécies de dinossauros no final do Cretáceo. Essas temperaturas de resfriamento provavelmente representaram problemas para os grandes dinossauros em particular, uma vez que dependiam de um clima quente para manter a temperatura corporal estável.
"Uma explicação fisiológica para a extinção impulsionada pelo resfriamento poderia ser a hipótese de que se a determinação do sexo nos dinossauros dependesse da temperatura, como nos crocodilos e nas tartarugas, a troca de embriões por sexo poderia ter contribuído para a perda de diversidade com um clima global de resfriamento no final do Cretáceo", acrescentou a equipe.
Os pesquisadores também apontam para fatores adicionais, como os hadrossauros superando outros herbívoros - seus dentes mostram que eles eram capazes de comer uma variedade maior de plantas do que competidores mais especializados. Com os herbívoros desempenhando um papel interconectado na teia alimentar, seu declínio pode ter sido prejudicial para uma série de outras espécies de dinossauros.
No final, os dados do novo estudo sugerem que a extinção final dos dinossauros realmente não poderia ser atribuída exclusivamente ao impacto de um asteroide massivo.