Segundo um estudo publicado na revista JAMA Network Open, em um grupo de 51 pacientes que perderam o olfato devido à COVID-19 em 2020, cerca de 96% recuperaram esse sentido dentro do período de um ano.
"A anosmia [perda de olfato] persistente relacionada com a COVID-19 tem um prognóstico excelente com recuperação quase completa em um ano", apontaram os pesquisadores.
Em abril de 2020, Marion Renaud, autora do estudo, e seus colegas publicaram um estudo centrado em 97 pacientes com COVID-19 confirmada através de testes PCR e com uma perda de olfato aguda que durou para além de sete dias. Deste grupo, 51 participantes apresentaram avaliações subjetivas e objetivas, enquanto que os restantes 46 apenas avaliações subjetivas.
As avaliações subjetivas se traduziram em questionários on-line que os participantes preenchiam em intervalos de quatro meses durante um ano. Já as avaliações objetivas eram conseguidas através de testes psicomotores. Todos os participantes foram monitorados até a recuperação objetiva do olfato.
Dentro do grupo de 51 que se submeteu a avaliações subjetivas e objetivas, 72,5% eram mulheres, e a idade média foi de cerca de 38 anos.
Passados os primeiros quatro meses, 23 dos 51 participantes (45,1%) reportaram recuperação total do olfato, 27 (52,9%) afirmaram ter recuperação parcial, e apenas um dos pacientes (2%) disse não ter recuperado o sentido. É importante sublinhar que todos os pacientes que afirmaram ter seu olfato recuperado, foram testados por vias de avaliação objetiva, provando a veracidade de seus relatos.
Aos oito meses, as avaliações objetivas confirmaram a recuperação total de 49 dos 51 pacientes envolvidos no estudo (96,1%). Apenas duas pessoas ficaram hipósmicas (sem conseguir cheirar) ao final de um ano: uma com seu limiar olfatório anormal, e outra com parosmia, isto é, com seu sentido de olfato distorcido.
Dos participantes que apenas conduziram avaliações subjetivas, 13 dos 46 pacientes (28,2%) reportaram recuperação (total e parcial) satisfatória nos primeiros 4 meses. Os restantes 33 apenas chegaram a esse estado de recuperação ao final de 12 meses.
Outros pesquisadores relataram que 85,9% dos pacientes com COVID-19 ligeira recuperaram o olfato em seis meses, mas as descobertas do estudo atual sugerem que uma recuperação adicional pode ocorrer além de uma janela temporal de 4 ou 6 meses.
A principal limitação do estudo descrito é o fato de apenas 51 pessoas terem tido avaliações objetivas e subjetivas. De igual modo, a maioria do grupo foi composta por mulheres abaixo dos 50 anos, o que no caso analisado - sexo feminino e idade não muito avançada - é positivamente associado com a recuperação do olfato.