Uma equipe internacional de cientistas descobriu que o impacto do asteroide que acabou com os dinossauros há 66 milhões de anos ainda está moldando a vida microbiana presente no local onde o corpo celeste caiu, segundo estudo recentemente publicado na revista Frontiers in Microbiology.
O referido asteroide caiu na atual península mexicana de Iucatã, formando a cratera de Chicxulub, de cerca de 180 quilômetros de largura. Esse impacto liberou energia equivalente a vários milhões de bombas atômicas, provocando a extinção de três quatros das espécies da Terra.
De acordo com a autora principal do estudo, Bettina Schaefer, da Universidade de Curtin, na Austrália, embora o impacto do asteroide tenha provocado grande destruição nos organismos e ecossistemas da Terra, a cratera originada poderia ser um lugar perfeito para o surgimento de nova vida.
"O calor e a pressão do impacto criaram uma área esterilizada que provocou uma extinção localizada dos micróbios que ali viviam", disse a cientista. "Mas aproximadamente um milhão de anos depois do impacto, a cratera esfriou a temperaturas suficientemente baixas para que a vida microbiana retornasse e evoluísse de forma isolada durante os últimos 65 milhões de anos", explicou.
Os cientistas notaram que as bactérias que habitam as rochas graníticas (pobres em nutrientes e ainda relativamente quentes), no fundo da cratera, diferem significativamente dos microorganismos presentes nas camadas superiores e nos sedimentos marinhos depositados lá milhões de anos depois.
"Estas descobertas deram uma ideia da vida microbiana em ambientes extremos e de como a vida se recupera de eventos violentos como os impactos de asteroides", afirmou o geomicrobiólogo Marco Coolen, um dos coautores do estudo.
Como a biosfera microbiana profunda joga um papel importante no ciclo global do carbono, é interessante investigar como essas comunidades microbianas conseguiram se recuperar desse catastrófico evento geológico.