Um grupo internacional de cientistas datou com precisão uma enigmática estrutura de madeira encontrada na comuna italiana de Noceto, no vale do rio Pó, segundo o arqueólogo Sturt Manning, da Universidade Cornell em Nova York, citado pelo portal LiveScience.
A construção, que mede 12 metros de comprimento, sete de largura e três de profundidade, foi encontrada em 2004, e trata-se de uma piscina escavada em uma colina e revestida com carvalho, olmo e nogueira, formando tanques sobrepostos. No fundo, havia diversos objetos de cerâmica e madeira.
De acordo com o estudo de Manning e seus colegas, da Itália e dos EUA, publicado na revista PLOS ONE, as camadas de sedimento indicam que antes continha água, e por isso, foi denominada de "Vasca votiva" (banheira ritual).
Em relação à datação, os pesquisadores avaliaram que foi construída entre aproximadamente 1440 e 1428 a.C., ou seja, 15 séculos antes de Cristo.
Para obter dados mais precisos, os cientistas combinaram a datação por radiocarbono (uma tecnologia amplamente utilizada em arqueologia, que no entanto envolve uma variação de datas que se intensifica à medida que a idade dos restos aumenta), com a baseada na dendrocronologia, que se baseia na análise dos anéis de árvores, cuja grossura depende das condições climáticas em cada ano. Desta forma, é possível estabelecer as datas com grande precisão.
Comparando ambas as abordagens, os arqueólogos estabeleceram que o tanque superior foi construído entre 1436 e 1428 a.C. e o inferior, entre 1448 e 1440 a.C.
Portanto, a estrutura existiu no período de fortes mudanças sociais e culturais nas sociedades da Idade do Bronze do Norte da Itália, opinam os pesquisadores.
Em particular, ao final do século XV a.C., durante a cultura Terramare, que era dominante na região, há mudanças na estrutura de seus assentamentos e começa sendo usada a cremação como prática funerária.
Com relação às funções da "piscina", o especialista considera que não era simplesmente um tanque de irrigação, mas que era utilizada em rituais associados com a água e o tempo.
"Era como uma piscina infinita, em certo sentido, pois estava no topo de uma colina, se você estivesse parado próximo dela, olhando para dentro dela, veria através da água, e veria também algumas das cerâmicas e outros objetos que foram depositados cuidadosamente nela. Porém, também observaria o céu e as nuvens sobre você; é difícil não pensar que isso poderia ter algo a ver com a chuva e coisas assim", observou.