O Departamento de Defesa (DoD, na sigla em inglês) dos EUA anunciou na terça-feira (6) que está matando seu projeto de computação em nuvem, conhecido como Infraestrutura de Defesa de Empresas Comuns (JEDI, na sigla em inglês), e que já havia iniciado procedimentos de rescisão de contrato.
O Pentágono explica que, devido aos contínuos atrasos no lançamento do projeto, que foi avaliado em US$ 10 bilhões (R$ 52,1 bilhões, na cotação atual), a JEDI, uma plataforma de computação em nuvem que teria sido instalada em cima de todas as nuvens especializadas do Pentágono, "não atende mais às necessidades [do DoD]" devido à "evolução das exigências e avanços da indústria".
"Com a mudança do ambiente tecnológico, ficou claro que o contrato do JEDI Cloud, que há muito foi adiado, não atende mais aos requisitos para preencher as lacunas de capacidade do DoD", disse o Pentágono em comunicado.
O processo de atribuição do contrato foi dificultado pela intervenção da Oracle, um dos principais concorrentes, que argumentou que um de seus concorrentes, a Amazon com seus Serviços de Web da Amazon (AWS, na sigla em inglês), tinha um conflito de interesses com o DoD.
Outro atraso foi causado pelo ex-presidente norte-americano Donald Trump (2017-2021), que em 2019 interferiu no processo de adjudicação, exigindo que o Pentágono investigasse o suposto favoritismo em relação a um dos dois concorrentes restantes, a Amazon.
O contrato JEDI foi no final adjudicado à Microsoft, mas a Amazon contestou imediatamente a decisão com um processo judicial, com o então CEO da empresa, Jeff Bezos, alegando que a adjudicação foi influenciada por Trump, que queria "colocar a Amazon para fora do contrato JEDI". Alguns veículos de imprensa especularam que Trump guardava rancor contra o bilionário por causa da cobertura crítica de sua presidência pelo jornal The Washington Post, que pertence a Bezos.
Recentemente, o Tribunal Federal de Reivindicações dos EUA se recusou a arquivar a ação judicial da Amazon, que agora é liderada por Andy Jassy, ex-chefe da divisão AWS.
O novo contrato é chamado de Capacidade Conjunta de Nuvem de Guerreiros (JWCC, na sigla em inglês), e deve satisfazer tanto a Amazon quanto a Microsoft, uma vez que ambos estão prontos para receber contratos para o novo projeto.
O Pentágono referiu na sua declaração de terça-feira (6), citando "pesquisa de mercado disponível", que apenas os dois gigantes tecnológicos preenchem os requisitos estabelecidos perante os empreiteiros do JWCC, e aguarda propostas das duas empresas para a construção de uma plataforma multinuvens e multifornecedora que atenda às suas necessidades.
O DoD prometeu, no entanto, que "imediatamente se envolverá com a indústria" e seguirá buscando e negociando com mais competidores, caso satisfaçam os requisitos estabelecidos.