Nesta quarta-feira (7), em entrevista para o portal UOL, o ex-ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse que as Forças Armadas "estão sob ataque do seu comandante supremo [o presidente Jair Bolsonaro]", e que a prova disso seriam as exonerações de comandantes ocorridas no Exército, na Marinha e na Aeronáutica.
Para Jungmann, as "exonerações sem explicações razoáveis" aconteceram porque os comandantes são subordinados ao Ministério da Defesa, e Bolsonaro teria motivado as mesmas a partir do momento que os militares não aceitaram se envolver na política e endossar as hostilidades do presidente contra o Legislativo e o Judiciário.
O ex-ministro ainda declarou que os militares não aceitarão participar de "aventuras fora da Constituição" e disse que "é evidente o constrangimento" diante do envolvimento de oficiais nas denúncias que cercam o Ministério da Saúde.
Em sua interpretação, o ex-ministro acredita que "já passa da hora" de o Congresso "assumir suas responsabilidades" e regulamentar a limitação à participação de militares da ativa em cargos no governo.
Como exemplo, Jungmann citou o fato de não ter havido punição à participação do ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, em palanque com Bolsonaro no Rio de Janeiro.
Sobre decreto número 10.727, recentemente editado pelo presidente, que liberou a participação de militares da ativa em cargos de natureza civil do governo federal, Jungmann também se posicionou contra.
Adicionalmente, o ex-ministro disse temer pelo quadro político em 2022, caso Bolsonaro não se reeleja e afirme que a eleição foi fraudada, pois um caos maior ainda pode se instalar no país.