Segundo um documento obtido pelo jornal Folha de São Paulo, existe mais um ator nas negociações da vacina Covaxin, e dessa vez um ator distante, uma empresa nos Emirados Árabes Unidos.
De acordo com a mídia, a empresa Envixia Pharmaceuticals LLC, com sede nos Emirados, aparece em memorando de entendimento como encarregada de apoiar todas as atividades relacionadas ao registro e a comercialização do imunizante no Brasil.
A Covaxin é produzida pela Bharat Biotech, na Índia. Em 24 de novembro de 2020, a Bharat assinou memorando com a Precisa Medicamentos, representante da farmacêutica no Brasil, e com a Envixia, dos Emirados. Com a Envixia, já são quatro os empreendimentos e países envolvidos na negociação, relata o jornal.
Para provar a existência de uma parceria com a Bharat, a Precisa enviou ao Ministério da Saúde uma cópia do memorando de entendimento assinado com a farmacêutica indiana e com a Envixia. A assinatura teria ocorrido quatro dias depois da primeira reunião entre representantes da empresa brasileira e integrantes do ministério.
As funções da Precisa seriam as de buscar e patrocinar testes clínicos, garantir a aprovação da vacina indiana pelo órgão regulador no Brasil e importar e distribuir o imunizante ao governo e à iniciativa privada. No caso da Envixia, conforme a tradução do memorando, a função é pouco detalhada.
Segundo o documento, cabe à empresa registrada nos Emirados "fornecer suporte para todas as atividades relacionadas ao registro e comercialização da Covaxin no Brasil". O texto original, em inglês, especifica que se trata da vacina da Bharat Biotech.
Além do memorando, haveria um contrato posterior entre as partes. A diretora-executiva da Precisa Medicamentos, Emanuela Medrades, disse à mídia que a empresa com sede nos Emirados faria, sim, parte do documento.
"A participação da Envixia é normal. Foi escolhida pela Bharat para prospectar possibilidades de vacinas no Brasil e nos Emirados Árabes", afirmou Medrades.
No dia 29 de junho, o Ministério da Saúde resolveu suspender o contrato para aquisição do imunizante.
As investigações em torno das negociações da Covaxin começaram em 18 de junho. Conforme noticiado, o chefe do setor de importação do Ministério da Saúde, Luis Ricardo Miranda, percebeu irregularidades nas transações e junto ao seu irmão, deputado Luis Claudio Miranda (DEM-DF), alertaram pessoalmente o presidente Jair Bolsonaro sobre anomalias no processo de compra das vacinas.