O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, disse que os EUA incitaram a agitação antes dos protestos deste fim de semana com uma estratégia de mídia disfarçada de campanha de mídia social pedindo ajuda humanitária.
"Ontem [11] em Cuba não houve levante social, ontem em Cuba houve desordem, distúrbios causados por uma operação comunicacional que foi preparada há algum tempo e sobre a qual milhões foram dedicados", declarou Rodríguez.
O ministro também afirmou que se o governo Biden quer ajudar Havana, deve cancelar as sanções impostas pelos EUA, e que por conta das sanções, Washington "não tem direito de se pronunciar sobre as manifestações no país".
Cuba está sob sanções dos Estados Unidos desde 1962.
O governo norte-americano negou envolvimento nos protestos e respondeu reiterando que as manifestações "são espontâneas e estimuladas pela dura realidade cubana", e não promovidos por outro país, segundo a secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, também se posicionou e disse que "é um erro grave do governo cubano dizer que os EUA estão envolvidos nos protestos".
"Tudo indica que os protestos de ontem [11] são expressões espontâneas de pessoas que se cansaram da má gestão econômica e da repressão do governo cubano, e são protestos inspirados na dura realidade do cotidiano da população", afirmou Psaki.
Hoje (12), o presidente dos EUA, Joe Biden, emitiu um comunicado para expressar solidariedade ao "povo cubano e seu clamor por liberdade", e advertiu as autoridades cubanas para não usarem a força contra os manifestantes.
Milhares de cubanos saíram às ruas no domingo (11) para protestar contra a falta de alimentos e remédios enquanto o país passa por uma grave crise econômica agravada pela pandemia de COVID-19 e pelas sanções dos Estados Unidos.
Os manifestantes reclamaram da falta de liberdade e da piora da situação socioeconômica. Muitos gritaram por "liberdade" e conclamaram o presidente Miguel Díaz-Canel a renunciar. Outros defenderam o atual governo e lembraram Fidel Castro, que governou o país de 1958 a 2008.
A União Europeia (UE), através do chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrell, disse nesta segunda-feira (12) que os cubanos têm o direito de protestar, e pediu ao governo que ouvisse suas queixas sobre a COVID-19 e a escassez de medicamentos e alimentos.
"É um protesto para mostrar o descontentamento em uma escala que não víamos desde 1994. [...] Quero afirmar o direito do povo cubano de expressar suas opiniões de maneira pacífica e quero pedir ao governo que ouça esses protestos de descontentamento", disse Borrell em uma entrevista coletiva após uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE.