À medida que Talibã se fortalece e se aproxima de Xinjiang, China deve se manter alerta, diz jornal

© AP Photo / Allauddin KhanMembros de uma facção dissidente dos combatentes do Talibã durante uma patrulha no distrito de Shindand na província de Herat, Afeganistão (foto de arquivo)
Membros de uma facção dissidente dos combatentes do Talibã durante uma patrulha no distrito de Shindand na província de Herat, Afeganistão (foto de arquivo) - Sputnik Brasil, 1920, 13.07.2021
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A China tem aumentado sua preocupação diante do progressivo poder do grupo Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países), uma vez que este parece estar se aproximando da fronteira com a província de Xinjiang.

No entanto, vários observadores chineses creem que a entrada do Talibã em Xinjiang, pelo corredor de Wakhan, é improvável. Na verdade, o grupo em causa poderia trazer mais problemas a Pequim através de outros Estados da Ásia Central, caso a situação no Afeganistão continue piorando, demonstrando a influência direta da situação interna do país na estabilidade regional.

Pouco a pouco, o grupo vai provando ao mundo sua imagem e reputação, o que poderá facilitar alianças e tréguas entre vários países da região afetados pela situação afegã.

Os especialistas chineses apontam que a China e a Rússia, enquanto principais potências regionais, vão cooperar mais entre si junto a outras nações afetadas para conseguirem resolver o conflito afegão e, de igual modo, ajudar na reconstrução do país.

Com as forças lideradas pelos EUA se retirando do país em uma velocidade avançada, o Talibã continua conquistando mais territórios. Vários veículos da mídia ocidental caracterizam a situação atual como o grande "medo da China".

© REUTERS / Jim HollanderPôster "Talibã" no Afeganistão
À medida que Talibã se fortalece e se aproxima de Xinjiang, China deve se manter alerta, diz jornal - Sputnik Brasil, 1920, 13.07.2021
Pôster "Talibã" no Afeganistão
No entanto, Cao Wei, especialista em estudos de segurança na Universidade de Lanzhou, contou ao Global Times que seria improvável a invasão da província de Xinjiang por grupos terroristas pelo corredor de Wakhan que seria, supostamente, o ponto mais preocupante para o gigante asiático.

"Porém, é importante sublinhar que o Talibã de hoje é totalmente diferente do Talibã de 20 anos atrás", adverte Cao.

China e Rússia: o que poderão esperar?

Em uma entrevista para South China Morning Post na quarta-feira (8), o porta-voz do Talibã, Suhail Shaheen, disse que a organização vê a China como um "amigo", e espera conseguir chegar a diálogos com Pequim o quanto antes, para investir em trabalhos de reconstrução do país "o mais cedo possível".

De igual modo, uma delegação do grupo também assegurou à Rússia que não deixaria que seu território fosse utilizado como base de ataques contra outros atores, durante sua visita à potência euroasiática na semana passada.

Todas essas ações revelam que o Talibã está, discretamente, se transformando em uma espécie de organização política concentrada nos assuntos internos do Afeganistão. Cao adverte que o grupo está se preparando para tomar o poder, e nada poderá garantir que suas ações serão equivalentes às suas palavras.

A deterioração da situação no Afeganistão tem se alastrado rapidamente pela Ásia Central, resultando, recentemente, em centenas de soldados afegãos cruzando a fronteira com o Tajiquistão em resposta aos avanços do Talibã, informou a agência Reuters. Ante tamanho acontecimento, o Tajiquistão convocou membros de um bloco militar liderado pela Rússia para o ajudar a lidar com os desafios de segurança que emergem do país vizinho.

© REUTERS / Alekxandr Zemlianichenko/Pool via REUTERSO mulá Abdul Ghani Baradar, o vice-líder e negociador do Talibã, e outros membros da delegação participam da conferência de paz afegã em Moscou, Rússia, em 18 de março de 2021
À medida que Talibã se fortalece e se aproxima de Xinjiang, China deve se manter alerta, diz jornal - Sputnik Brasil, 1920, 13.07.2021
O mulá Abdul Ghani Baradar, o vice-líder e negociador do Talibã, e outros membros da delegação participam da conferência de paz afegã em Moscou, Rússia, em 18 de março de 2021

A Rússia, por sua vez, enfrenta uma pressão maior do que a China, uma vez que é possível que alguns grupos terroristas se infiltrem em território russo através dos Estados da ex-União Soviética, e sua propagação poderia atingir as regiões já instáveis do Cáucaso e da Chechênia, explicou Cao Wei. Ainda assim, Moscou assumirá a maior responsabilidade pela segurança da Ásia Central.

Segurança, desconfiança e política de não interferência

Cao disse que a China e a Rússia, defendendo em conjunto o princípio da não interferência, se concentrarão em ajudar o Afeganistão através da economia ao invés do envolvimento militar, observando que os dois países não serão os "próximos impérios" a entrarem no "cemitério" do Afeganistão, conforme alertado por membros da mídia ocidental.

Por sua parte, o Talibã agradeceu à China por sua ajuda na reconstrução do país, dizendo que se esforçará para manter relações estáveis com Pequim e com outros países vizinhos caso assuma o poder, disseram observadores.

Quanto à possível ameaça de ressurgimento do terrorismo, os analistas chineses acreditam que o Talibã, provavelmente, não exportará deliberadamente sua ideologia. Porém, o gigante asiático deverá se manter em alerta ante ameaças de grupos extremistas que voluntariamente aceitem o fundamentalismo do Talibã e que tentem afetar Xinjiang.

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