Andrei Denisov, embaixador da Rússia na China, ressaltou que a Rússia não se opõe à participação do gigante asiático em uma discussão coletiva do assunto, mas isso "é uma questão soberana para a China".
Ele notou, ao mesmo tempo, que Pequim está pronta para o diálogo sobre a redução de riscos, mas somente em uma ampla base multilateral, e o Estado russo respeita tal posição.
"A China realmente dispõe de um potencial de mísseis nucleares. Conforme avaliações do Instituto de Pesquisas Estratégicas de Estocolmo, ele conta com cerca de 320 ogivas nucleares." Isso é quase igual aos do Reino Unido e França.
Mesmo assim, o diplomata ressaltou que essa quantidade, no entanto, é dezenas de vezes menor que os potenciais reais dos Estados Unidos e da Rússia, os quais estão aproximadamente no mesmo nível.
"No que diz respeito à posição da China, ela foi expressa por várias vezes pelos líderes e representantes chineses. Recentemente o chanceler da China Wang Yi comentou o assunto mais uma vez, ela se resume ao seguinte: as duas maiores potências nucleares, referindo-se à Rússia e aos Estados Unidos, devem continuar reduzindo suas armas nucleares conforme o princípio em 'uma forma controlada, irreversível e juridicamente obrigatória'", apontou Denisov.
Simultaneamente, acentuou ele, "a China é um participante ativo do processo de desarmamento internacional, e a China anunciou repetidamente que eles aqui estão prontos para o diálogo sobre a redução de riscos nucleares em uma ampla base multilateral".
Nível de cooperação maior que uma simples aliança
Moscou e Pequim não precisam de ter relações de aliados, os dois países já entraram em um nível de cooperação mais alto, "que está ligado antes de mais à igualdade absoluta, ao respeito dos interesses mútuos, ao entendimento dos interesses um do outro e à confiança nesse âmbito, o que satisfaz completamente nossas necessidades e as necessidades da China no mundo atual que é bem complexo", afirmou.
Segundo suas palavras, o presidente chinês Xi Jinping apontou anteriormente que as relações entre os dois países formalmente não são de aliados, mas, em uma série de áreas de cooperação foram até mais longe, "e isso realmente é assim".
"O ambiente em desenvolvimento ou a situação estimulam nossos dois países, que objetivamente têm um campo bem grande de interesses políticos externos coincidentes, obrigam a se coordenarem de alguma forma, se manterem próximo um de outro", ressaltou o embaixador.
Caso de Taiwan
Em 16 de julho, a Rússia e a China celebrarão 20 anos do Tratado de Boa Vizinhança, Amizade e Cooperação. O artigo 5 diz que a Rússia confirma a invariabilidade de sua posição de princípio a respeito da questão de Taiwan, reconhecendo a existência de uma só China e que Taiwan é parte integrante da China.
Respondendo à pergunta se pode surgir um artigo semelhante sobre a Crimeia, o diplomata disse que Moscou nunca vai juntar as questões de Taiwan e da Crimeia, já que estas têm uma natureza diferente.
Quanto à Crimeia, o embaixador apontou que "a natureza desse fenômeno da vida internacional é completamente diferente, se falarmos sobre a posição da China, em 2014, quanto a população da Crimeia se expressou quase totalmente, em um referendo completamente legal, a favor da incorporação em nosso país, a China anunciou oficialmente que vê aqui raízes históricas e entende as causas políticas desse evento".
"Por isso, nós temos o direito de dizer que na China entendem os motivos que levaram às alterações no mapa. Falar sobre qualquer relação entre o assunto da Crimeia e a situação de Taiwan é infundado e isso nunca será feito", concluiu o diplomata.