O ex-ministro da Saúde Eduardo Pazuello negou em nota de esclarecimento divulgada na sexta-feira (16) ter negociado doses da vacina CoronaVac com intermediários de uma empresa de Santa Catarina.
"Enquanto estive como Ministro da Saúde, em momento algum negociei aquisição de vacinas com empresários, fato que já foi reiteradamente informado na CPI da Pandemia e em outras instâncias judicantes", escreveu o atual secretário de Estudos Estratégicos da Secretaria de Assuntos Estratégicos, citado pelo jornal Folha de S. Paulo.
A mídia divulgou na sexta-feira (16), que o então ministro da Saúde se reuniu em 11 de março deste ano com representantes da empresa World Brands e prometeu comprar 30 milhões de doses da vacina chinesa contra a COVID-19 CoronaVac pelo triplo do preço negociado pelo Instituto Butantan.
A proposta da World Brands era de 30 milhões de doses da vacina do laboratório chinês Sinovac pelo preço unitário de US$ 28 (aproximadamente R$ 142) a dose. No contrato com o Butantan, as doses saíram a US$ 10 (R$ 50,80) cada.
Na nota, Pazuello afirma que a reunião com a World Brands foi uma "pré-sondagem" da proposta da World Brands.
"Ante a importância da temática, uma equipe do Ministério da Saúde os atendeu e este então ministro de Estado, que detém o papel institucional de representar o Ministério da Saúde, foi até a sala unicamente para cumprimentar os representantes da empresa após o término da reunião", lê-se no comunicado.
O encontro de Pazuello com os empresários foi gravado pela assessoria de comunicação do ministério para fins de "publicização dos atos e fatos da administração pública", de acordo com a nota.
"Após a gravação, os empresários se despediram e, ato contínuo, fui informado que a proposta era completamente inidônea e não fidedigna. Imediatamente, determinei que não fosse elaborado o citado Memorando de Entendimentos (MoU) assim como que não fosse divulgado o vídeo realizado", afirmou Pazuello.
Em maio, em depoimento à CPI da Covid, Pazuello disse que não negociava diretamente a compra de vacinas. Ele foi questionado pelos senadores se havia participado da negociação da Pfizer.
"Eu queria dizer que não posso colocar, o ministro não pode receber as empresas, o ministro não pode fazer negociação com empresa [...]. Eu recebo o presidente da Pfizer socialmente, junto com a administração, mas a negociação é feita no nível da equipe de negociação […]. Pela simples razão de que eu sou o dirigente máximo, eu sou o 'decisor', eu não posso negociar com a empresa. Quem negocia com a empresa é o nível administrativo, não o ministro", afirmou o ex-ministro à CPI em maio.