Uma investigação interna do Ministério da Defesa do Reino Unido não encontrou provas de que o vazamento de documentos sobre o incidente do HMS Defender no mar Negro em junho foi resultado de espionagem, anunciou na segunda-feira (19) Ben Wallace, ministro da Defesa.
"A investigação não encontrou nenhuma evidência de espionagem, e concluiu que não houve comprometimento dos documentos por nossos adversários", explicou Wallace em uma declaração escrita aos legisladores.
Wallace disse que o ministério determinou que os papéis foram "perdidos" por um indivíduo sem nome, e que ele teve sua autorização de segurança suspensa até uma revisão completa.
"A investigação confirmou independentemente as circunstâncias da perda, incluindo a administração dos papéis dentro do Departamento, o local em que os papéis foram perdidos, e a maneira como isso ocorreu. Estes são consistentes com os eventos auto-relatados pelo indivíduo", detalhou o alto responsável.
Wallace disse estar confiante que o Ministério da Defesa tinha "recuperado todos os documentos SECRET" e, que seu departamento não faria mais comentários "sobre a natureza da perda ou sobre a identidade do indivíduo", citando "razões de segurança".
Incidente do destróier britânico
Em 23 de junho, o HMS Defender, um destróier da Marinha Real da classe Daring, entrou ilegalmente nas águas da Rússia ao largo da Crimeia, fazendo com que navios de guerra e aeronaves russas cercassem o navio e disparassem tiros de advertência para forçá-lo a sair.
Moscou declarou que se tratava de uma provocação deliberada, mas Londres ofereceu uma série de explicações enroladas e contraditórias sobre o que aconteceu. Um jornalista da emissora BBC a bordo do navio confirmou que houve tiros de advertência.
Em 27 de junho, a BBC informou que um membro do público descobriu documentos classificados do Ministério da Defesa em uma parada de ônibus em Kent, Reino Unido, e que os documentos, datados de 21 de junho, continham uma análise das consequências potenciais de navegar de propósito com um navio de guerra em águas russas ao largo da Crimeia.
O Ministério da Defesa britânico inicialmente se recusou a confirmar que os documentos eram autênticos, mas acabou dizendo que "lamentava muito" que os documentos foram perdidos.
Segundo um outro relato do final de junho, fontes informadas disseram ao jornal The Telegraph que a ação do HMS Defender era uma operação pré-planejada pelo secretário da Defesa. Dominic Raab, ministro das Relações Exteriores, teria expressado oposição à ideia, mas o premiê Boris Johnson decidiu a favor.