As imagens mostram o jato lançado pelo buraco negro no centro da galáxia Centaurus A com uma precisão dez vezes superior e resolução 16 vezes mais nítida em comparação com imagens anteriores, relata portal Space.
"Isso nos permite, pela primeira vez, ver e estudar um jato de rádio extragaláctico em escalas menores do que a distância que a luz viaja em um dia", disse em comunicado o astrônomo Michael Janssen do Instituto Max Planck para Radioastronomia (Alemanha) e da Universidade Radboud (Países Baixos).
"Vemos de perto e pessoalmente como um jato monstruosamente gigantesco lançado por um buraco negro supermassivo está nascendo", acrescentou.
Os dados do EHT exibem enormes lóbulos de emissões de rádio provindo de um buraco negro que parece ser bastante pequeno quando observado a partir da Terra. Astrônomos comentaram que, ao ser ampliado por um fator de um bilhão, o buraco negro apareceria tão grande quanto uma maça na superfície da Lua observada da Terra.
No entanto, o referido buraco negro no centro da Centaurus A tem massa de 55 milhões de sóis.
Galáxia Centaurus A, também conhecida como NGC 5128, é um dos maiores e mais brilhantes objetos no céu noturno quando observada em comprimentos de onda de rádio.
"Nunca antes vimos este núcleo, pois não tínhamos resolução suficientemente alta e não estávamos olhando para frequências suficientemente altas", disse Maciek Wielgus, coautor do estudo e pesquisador do Centro de Astrofísica Harvard & Smithsonian.
Ele acrescentou ainda que o buraco negro no centro de Centaurus A emite muito mais energia e parece ser muito diferente do que está no centro da Via Láctea, que é também alvo de estudo do EHT.
As observações foram possíveis graças à colaboração de EHT, que reúne oito radiobservatórios em todo o mundo que trabalham juntos como uma espécie de telescópio do tamanho da Terra.
Os cientistas estão tentando desvendar o que alimenta a criação dos misteriosos jatos de buracos negros – as ejeções de material que de alguma forma conseguem escapar da potentíssima força da gravidade dos buracos negros. E em vez de ficarem retidos dentro de sua escuridão, os jatos viajam por distâncias de milhões de anos-luz, ou seja, distâncias maiores do que o tamanho das galáxias em que se originaram.
As novas imagens também mostram que as áreas do jato que estão mais longe do centro do buraco negro são mais brilhantes do que as partes mais próximas, um fenômeno inexplicado até agora e que tem sido observado anteriormente.