Os cientistas trabalham cada vez mais em robôs mais versáteis e menores, com a tecnologia evoluindo a cada dia e se tornando parte da vida de milhões de pessoas, como é o caso da impressão 3D, que vem realizando feitos importantes.
Para explicar sobre este importante avanço tecnológico, a Sputnik Brasil conversou com Josemar Rodrigues de Souza, coordenador da Comissão Especial de Robótica (CER).
A CER já trabalha há alguns anos e tem como uma das principais ações, juntamente com a RoboCup Brasil, patrocinar o evento científico de competições denominado Simpósio Brasileiro de Robótica, que neste ano ocorrerá de forma virtual devido à pandemia.
A competição brasileira de robótica acontece entre os dias 11 e 15 de outubro. São vários eventos reunidos em um único evento. E dentro deste evento temos várias ligas disputando distintas coisas relacionadas à robótica inteligente, envolvendo toda a América Latina.
"A partir destes eventos científicos, nós podemos observar, já há algum tempo, grandes realizações e coisas discutidas nestes eventos que pudéssemos encontrar nas prateleiras dos supermercados, nas lojas e tudo mais, em forma de produto", explicou Josemar.
Em 1992 foi criado um grupo de pesquisadores e este grupo pensou em um novo desafio. Este desafio é que, no ano de 2050, uma equipe de robôs humanoides vá competir e ganhar ao campeão mundial da FIFA, que é este grande torneio mundial de futebol. E, desde então, foi criada a RoboCup Federation, que é a Federação RoboCup. O Brasil tem sua representação, onde as pessoas sempre estão envolvidas e tentando trabalhar de forma cooperativa.
De acordo com Josemar, a competição, que já foi sediada pelo Brasil no ano da Copa do Mundo no país, dependendo do país onde for realizada, pode contar com quatro, três ou até oito mil pessoas, com os nomes mais importantes da robótica frequentando este evento.
Legislação e robótica mundial
Anteriormente, a Sputnik Brasil entrevistou dois professores da área, que citaram os desafios da robótica mundial, destacando inclusive a questão da legislação.
Comentando o assunto, Josemar acredita que há muita coisa a ser feita com relação à legislação. Ele também ressalta que já existem alguns congressos, alguns eventos mundiais, que não estão pensando na tecnologia, mas sim nesta relação legal.
Josemar ressaltou que esta questão "em robótica social também está sendo discutida e tomando um aspecto muito forte e, seguramente, os nossos legisladores precisam começar a pensar sobre isso".
Além disso, ele enfatiza que a sociedade brasileira de computação, bem como a RoboCup Brasil, seguramente estará disposta a tentar assessorar os legisladores com relações às leis.
Avanço tecnológico na América Latina
Com relação às perspectivas no desenvolvimento da inteligência artificial e no aprendizado de máquinas na América Latina, Josemar citou que diversas instituições começaram a pensar no assunto apenas agora, apesar de se tratar de campo não tão novo.
Para Josemar, há muita gente afirmando que tudo é inteligência artificial, contudo não é bem assim, pois as soluções algorítmicas precisam aprender, agir, de acordo com determinadas condições, desta forma poderão serem consideradas inteligência artificial.
"No Brasil, nós temos alguns grupos que têm avançado significativamente nisso, seja com cooperação nacional ou internacional", lembrou.
Robôs promissores e avanços tecnológicos no Brasil
Na opinião de Josemar, no futuro nós podermos ter robôs convivendo com humanos e realizando múltiplas tarefas domésticas.
"São robôs desta natureza, interagindo com os humanos, dentro das casas e em um convívio social com as pessoas [...]", afirmou.
O especialista também ressaltou que os robôs, cada dia mais, estarão "ombro a ombro com os humanos", e por isso acredita que existirão os robôs domésticos, os assistidos, que são aqueles que facilitam vidas daqueles que têm algum tipo de problema de mobilidade, bem como o carro autônomo.
Falando sobre os avanços tecnológicos no Brasil, Josemar destaca a área espacial, bem como os robôs domésticos e assistidos, e o conceito de cidade inteligente. Contudo, Josemar ressalta que as cidades deverão se preparar para estes avanços.
"As cidades vão ter que se preparar também, bem como as casas, para conviver com a robótica. É uma realidade que precisa ser vivida e adaptada", explica.
Incentivos aos jovens brasileiros
O coordenador da CER ainda explicou sobre como incentivar os jovens brasileiros a seguirem estes avanços tecnológicos que, com a ajuda da RoboCup Brasil e outras associações, esforçam-se para trilhar este caminho, tanto que hoje há diversos garotos que já estão fazendo doutorado e contribuindo para a sociedade.
"Existe toda uma discussão, e até então o que nós enxergamos nisso são estas competições. Por natureza, hoje um menino com três, quatro anos, ele pega um celular e vê um jogo na frente, você não precisa nem ensinar", comentou.
De acordo com Josemar, é preciso usar este potencial e de alguma forma ter mais atrativos, como as competições, que geralmente podem ser usadas como forma de incentivo.
Automação e problemas futuros
Tem duas correntes, uma mais pessimista, que costuma dizer que isso vai causar desempregos, contudo, acredito que ela vá empregar mais ainda, apenas vai empregar de uma forma diferente.
"Então você deve estar preparado para esta nova realidade mundial, não é só a robótica. Eu diria até que a robótica, hoje, emprega muito mais do que aqueles que ela desempregou, só que com uma nova forma e a sociedade deve se adaptar a isso", explicou.
De acordo com o coordenador, ao longo dos anos a sociedade vem se adaptando de distintas formas, desde aquela primeira fase industrial a esta nova fase.
"Na minha visão, ela vai substituir os empregos por empregos mais qualificados e, muito provavelmente, dado este nível de qualificação, [proporcionará] um nível de renda melhor, um melhor conforto e melhores realizações", concluiu Josemar.