Nesta quarta-feira (21), os Estados Unidos e a Alemanha divulgaram um comunicado conjunto que fala sobre as medidas de apoio à Ucrânia, sobre a segurança energética da Europa e os objetivos conjuntos para proteção do clima. Além disso, no texto são formuladas condições para o funcionamento do gasoduto Nord Stream 2.
"Eu acredito que o acordo com o governo americano não elimina as divergências, ele não supera todas as divergências, elas permanecem. Vi isso ontem [21] pelas reações", disse Angela Merkel durante a grande coletiva de imprensa anual, que possivelmente será sua última como chanceler alemã, a 16ª para ela.
Conforme suas palavras, o acordo foi alcançado apenas entre governos, os parlamentos podem não o apoiar de modo unânime.
"Nós temos uma grande lista de tarefas, por exemplo, a prorrogação do contrato de trânsito, o apoio à transformação do sistema de energia na Ucrânia, a ligação da Ucrânia por meio de suprimento reversivo ao sistema de fornecimento energético europeu. Um bom passo que exigiu a vontade de compromisso de ambas as partes. Por outro lado, nem todas as divergências foram ultrapassadas", adicionou.
"Esse acordo, de meu ponto de vista, também é bom para a Ucrânia", comentou a chanceler alemã o compromisso com Washington.
Ao mesmo tempo, a chanceler alemã confirmou que a Alemanha está interessada em manter o diálogo com a Rússia, acrescentando que Berlim está realizando negociações com Moscou com base em seus valores e interesses.
"Tal como com outros países, nós conduzimos nossas negociações [com a Rússia] sempre na base de nossos valores [...] Nós devemos ter sempre interesse em permanecer em diálogo com a Rússia", acentuou Merkel.
O projeto Nord Stream 2 prevê a colocação de duas linhas de gasodutos desde a costa russa, através do mar Báltico, até a Alemanha. A construção da primeira linha já acabou, enquanto a segunda deve ser completada até o fim de agosto. Os EUA expressam ativamente sua oposição ao projeto, promovendo na Europa seu próprio gás natural liquefeito e tendo introduzido sanções contra o gasoduto no fim de 2019.
Caso Pegasus
Comentando o escândalo de vigilância por meio do spyware israelense Pegasus, Merkel declarou que é preciso restringir a venda de software de espionagem a países que não têm a supervisão adequada.
"É importante que todo o software criado para determinadas situações não caia nas mãos erradas [...] Aos países onde a supervisão judicial de tais ataques possivelmente não seja assegurada, ele não deve ser vendido", disse ela durante a coletiva.
Anteriormente, foram publicados os resultados de uma investigação realizada por 17 mídias, entre elas várias francesas, com a colaboração das ONGs Forbidden Stories e Anistia Internacional, de acordo com a qual o software da empresa israelense NSO Group, utilizado por diversos serviços secretos para vigiar criminosos e terroristas, foi usado também para espionar políticos, empresários, ativistas, jornalistas e opositores de todo o mundo. Na lista há três presidentes, dez premiês e um rei.
Em 26 de setembro, são previstas as eleições federais no país. Angela Merkel já não planeja apresentar sua candidatura e deixará o cargo que tem assumido a partir de 2005. Ela é a primeira mulher que ocupou o cargo de chanceler federal da Alemanha.