Durante mais de oito anos, o módulo InSight da NASA estudou o solo de Marte graças a seu sofisticado sismómetro.
Agora, equipes internacionais de pesquisadores publicaram uma série de artigos mostrando as impressionantes descobertas realizadas nas profundezas do Planeta Vermelho, fornecendo uma compreensão sem precedentes de sua crosta, manto e núcleo.
Trata-se da primeira vez que os cientistas mapeiam um planeta que não seja a Terra. Os dados coletados não apenas oferecem uma visão de como Marte é atualmente, mas também de como era no passado e, inclusive, de quando foi formado.
"É formado a partir de blocos de construção similares a nosso próprio planeta, porém Marte parece muito diferente. Há muita evidência de que sua evolução tenha sido muito distinta. E agora, ter esta imagem das camadas do planeta nos dará as ferramentas para descobrir como foi formado", observou a sismóloga Sanne Cottaar.
Os cientistas acreditam que a crosta marciana pode não ser tão espessa quanto se pensava anteriormente, consistindo de duas ou três camadas.
Por outro lado, descobriram que a camada superior do planeta, a litosfera, é muito grossa, de aproximadamente 500 quilômetros. O fato de ser quase o dobro da litosfera de nosso planeta poderia explicar porque Marte nunca teve placas tectônicas, segundo os especialistas.
Além disso, a InSight confirmou que o núcleo de Marte é líquido e muito maior do que se acreditava, com um raio de 1.830 quilômetros.
Com relação a sua composição, os especialistas sugerem que, para além do ferro fundido e níquel, também haja elementos mais leves que reduzem a densidade.
"Para que Marte tenha acumulado esta grande quantidade de elementos leves como o enxofre, carbono, oxigênio e hidrogênio em seu núcleo, deve ter sido formado há muito tempo. Talvez, inclusive mesmo quando a nebulosa solar ainda existia. Este não é o caso da Terra, que foi formada depois", explicou à IFLScience o autor do estudo Amir Khan.
A atividade sísmica em Marte é muito baixa em comparação com a Terra, porém a análise das ondas que são produzidas fornecem uma ideia da composição interna do planeta.
"Esperamos que os próximos terremotos marcianos sejam diferentes dos anteriores e forneçam a informação que falta para completar o modelo", observou a pesquisadora Brigitte Knapmeyer- Endrun.