Na sexta-feira (23), o ministro das Relações Exteriores da China, Wang Yi, pediu o apoio de Portugal para se opor à "politização" decorrente da procura sobre a origem do coronavírus, diante da pressão que Pequim enfrenta por parte do Ocidente para uma investigação mais aprofundada sobre como a pandemia começou, segundo o South China Morning Post.
"[Esperamos] poder nos opor conjuntamente à manipulação política no rastreamento da origem do coronavírus, exortar contra qualquer 'vírus político' e assegurar a situação geral de solidariedade contra a pandemia", disse Wang após encontro virtual com o ministro das Relações Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva.
Adicionalmente, o governo chinês convocou Portugal a desempenhar um papel maior nas relações internacionais, e também a apoiar mais empresas chinesas para investirem no país, e assim, tecer um relacionamento entre as duas nações trazendo maiores benefícios econômicos.
A mídia afirma que embora a influência de Portugal na Europa seja limitada por sua economia relativamente pequena, Lisboa tem sido visto por Pequim como um dos países membros da União Europeia (UE) mais fáceis de se trabalhar, em um momento em que os laços da China e do bloco azedaram por conta das questões de direitos humanos ligadas a Xinjiang.
O governo português disse que não vê a China como uma ameaça, e também tem sido menos incisivo sobre o tópico de direitos humanos do que alguns membros da UE. Portugal também não endossou a declaração, em 2020, de George Glass, então embaixador dos EUA em Portugal, quando disse que Lisboa deve "escolher entre os Estados Unidos e a China ou arriscar as consequências", segundo a mídia.
"Ciência e política devem ser separadas. O rastreamento de origem visa um futuro melhor, em vez de visar ou culpar certos países. Portugal apoia investigações que defendam a ciência e o profissionalismo e opõe-se a qualquer politização desse tipo de trabalho", disse o ministro das Relações Exteriores português.
No entanto, Silva rejeitou sugestões de que Lisboa fosse um "amigo especial" do gigante asiático.
Em 2017, os investimentos chineses em Portugal totalizaram US$ 4,4 milhões (R$ 22,9 milhões), de acordo com os números da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) citados pela Rede Europeia de Think Tank sobre a China (ETNC, na sigla em inglês).
Na quinta-feira (22), a China rejeitou um plano da OMS para uma segunda fase de investigação das origens do coronavírus, que incluía a hipótese de que o vírus poderia ter escapado de um laboratório chinês.