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'Semipresidencialismo no Brasil é aventura, é saltar no escuro', diz Joaquim Barbosa

© Folhapress / Pedro Ladeira Ministro Joaquim Barbosa preside sessão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Brasília, 3 de junho de 2014
 Ministro Joaquim Barbosa preside sessão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), Brasília, 3 de junho de 2014 - Sputnik Brasil, 1920, 25.07.2021
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Ex-presidente do STF condena ideias em torno da adesão do semipresidencialismo no Brasil, uma vez que o país tem, há 130 anos, referência presidencialista e julga que dar esse passo no sistema político brasileiro pode fazer com que "o tiro saia pela culatra".

Diante dos diálogos acerca da adoção de um novo sistema político no Brasil, o do semipresidencialismo, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa, após um silêncio de quatro anos, resolveu dar sua opinião sobre o assunto.

Segundo Barbosa, que nas eleições de 2018 descartou a possibilidade de se candidatar à presidência e deixou parte da população frustrada, adotar esse sistema no país é "uma aventura, um salto no escuro", de acordo com a Folha de São Paulo.

"Como você vai mudar de uma hora para a outra um sistema [o presidencialismo] que vem sendo aplicado há 130 anos no país, e trocar por algo que não se conhece? Eu acho isso muito irresponsável. Por isso me dispus a falar sobre esse tema", disse o ex-presidente do STF citado pela mídia.

Barbosa também afirma que o semipresidencialismo deu certo na França porque "ele é fruto de circunstâncias históricas específicas daquele país", e que em nada teria a ver com o Brasil.

"Eu conheço o semipresidencialismo porque vivi na França […] Vi funcionar e o acompanho há 35 anos. Conheço, portanto, as suas virtualidades e os seus defeitos. Não sou contra esse tipo de governo, mas acho que não se está levando em conta o fato de que ele é fruto de circunstâncias históricas específicas à França."

Mesmo que o sistema tenha dado certo no país europeu, Barbosa diz que isso não seria motivo para acreditar que daria certo no Brasil, uma vez que o país tem uma grande quantidade de partidos.

"Um sistema como esse requer um número pequeno, sólido e coeso de legendas, sem dissensões internas relevantes. Uma base leal que dá sustentação ao governo e não permite que ele caia a cada seis meses."

Como segundo motivo, o ex-ministro afirma que o Brasil está acostumado há 130 anos com o sistema presidencialista, e que não entenderia "a queda de um governo a cada seis ou sete meses, proporcionada por pessoas [os parlamentares] com as quais a população não tem nenhuma identificação".

"O Brasil está acostumado, por 130 anos de prática do regime presidencial, a ter como referência um presidente da República. O país não entende e não é vocacionado para o sistema parlamentar, mas entende muito bem o sistema presidencial", completou.

Barbosa também acredita que o alvoroço em torno do semipresidencialismo é feito por pessoas que não entendem profundamente da questão, e diz que "o tiro pode sair pela culatra".

"Agora eles querem oficializar isso através de um suposto semipresidencialismo em que dariam as cartas. Mas eles não sabem o que é realmente esse sistema político. O tiro pode sair pela culatra. […] Adotar o semipresidencialismo na intenção de transferir oficialmente a essência do poder a esses homens seria um erro político imperdoável. É uma aventura. Um salto no escuro", afirmou Barbosa.

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