Nesta terça-feira (27), a Unidade de Crimes Financeiros da França anunciou que acusou Rachida Dati, ex-ministra e aliada do ex-presidente Nicolas Sarkozy, por "corrupção passiva por pessoa com mandato eletivo" e por "se beneficiar de abuso de poder" em relação ao trabalho de consultoria que fez para Carlos Ghosn de 2010 a 2012, quando também era deputada no Parlamento Europeu.
Dati, que agora é prefeita do 7º distrito de Paris pelo partido de direita Os Republicanos (LR, na sigla em francês) e às vezes apontada como um futura candidata à presidência, teria recebido 900 mil euros (cerca de R$ 5,5 milhões) em honorários de advogados durante o período.
A investigação em andamento visa determinar se os valores foram puramente para trabalho jurídico ou se ela estava realmente envolvida em lobby, o que seria ilegal para legisladores europeus. Segundo o jornal Le Monde, o contrato de Dati a comprometia a ajudar na expansão internacional da subsidiária holandesa da aliança Renault-Nissan, especialmente no Oriente Médio e norte da África.
Carlos Ghosn
Desde o verão de 2019, três juízes investigavam contratos firmados pela Renault-Nissan quando Ghosn era o presidente-executivo do grupo. Dati foi interrogada sobre caso por 16 horas em novembro, mas não foi formalmente acusada. No início deste mês, porém, os magistrados de investigação a interrogaram novamente e apresentaram as acusações.
A equipe de defesa da ex-ministra, no entanto, argumentou que nenhuma receita de Dati foi mantida em segredo. Os magistrados da Unidade de Crimes Financeiros discordaram e deram continuidade ao caso, que havia sido acionado por uma ação judicial de um acionista da Renault.
Ghosn, que por anos teve uma excelente reputação como um alto executivo automotivo, caiu em desgraça em novembro de 2018 quando foi preso no Japão por alegações de má conduta financeira e passou 130 dias detido antes de pagar fiança e ir para fora do país no final de 2019 e hoje é procurado pela Interpol.
Nicolas Sarkozy
O ex-chefe de Dati, o ex-presidente da França Nicolas Sarkozy, tem enfrentado uma série de investigações sobre seus assuntos desde que perdeu sua imunidade presidencial.
No mês passado, os promotores exigiram uma pena de seis meses de prisão para o ex-presidente em seu julgamento por violações do financiamento de campanha em sua candidatura à reeleição em 2012. Em março deste ano, ele se tornou o primeiro presidente da França no pós-guerra a receber sentença de três anos de prisão.