Cientistas russos detectaram mutações que permitem ao vírus SARS-CoV-2 escapar da imunidade celular, informou o Instituto de Ciência e Tecnologia Skolkovo (Skoltech, na sigla em inglês). Os resultados do estudo (ainda não revisto por pares) foram divulgados na quarta-feira (30) no repositório Research Square.
Os pesquisadores estudaram o caso mais antigo conhecido de COVID-19 em uma paciente com imunidade reduzida que estava doente há 318 dias, o que eles acreditam ser um recorde mundial.
"Embora este seja o caso descrito mais longo, não é o único. Mas, em nosso caso, há uma característica notável: a paciente não tinha anticorpos […]. A investigação tornou possível detectar as mutações que ajudam o SARS-CoV-2 a contornar a imunidade celular", explicam os cientistas.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores ressaltaram que a análise filogenética e o sequenciamento genômico das amostras obtidas da paciente mostraram que ela estava infectada o tempo todo com o mesmo vírus. Nesse período, o SARS-CoV-2 adquiriu um total de 40 mutações, mudando muito mais rápido do que costuma acontecer quando se espalha por uma população.
Os pesquisadores do Skoltech explicam que se o vírus permanecer no organismo por muito tempo, é capaz de acumular as alterações em sua estrutura genética para escapar da resposta imune, o que transforma pacientes com baixa resistência imunológica em locais de rápida evolução do patógeno.
Dessa forma, os cientistas concluíram que as células T são um motor subestimado e potencialmente poderoso da evolução da COVID-19 em pessoas com imunidade reduzida.