A mulher do presidente haitiano, Martine Moïse, contou que ela e seu marido estavam dormindo quando ouviram os primeiros tiros, que os acordaram e os fizeram se levantar, em uma entrevista ao The New York Times, publicada nesta sexta-feira (30).
Ela acordou seus filhos, de 20 e poucos anos, e lhes disse para se esconderem em um banheiro. Seu marido chamou dois altos oficiais da segurança, mas os mercenários já tinham entrado na casa, supostamente sem obstáculos.
O então presidente disse a sua esposa para se deitar no chão: "Lá, acho, você vai estar segura", lembrou a viúva, afirmando que foram as últimas palavras que seu marido lhe disse.
Seguiram-se intensos disparos e ela foi ferida na mão e no cotovelo. Depois disso, ficou quieta no chão. Ela ouviu os mercenários conversarem, embora nenhum deles falasse crioulo ou francês, e revistarem a sala procurando algo.
"Senti que estava me afogando, porque tinha sangue na boca e não conseguia respirar", disse Martine. "Quando partiram, pensavam que eu estava morta."
Até agora, 26 pessoas foram detidas por sua suposta conexão com o assassinato, entre elas 18 colombianos, em sua maioria aposentados do Exército da Colômbia.
Martine Moïse reconhece o trabalho que tem sido feito para capturar esses homens, mas ainda é assombrada pela questão de quem é o cérebro, quem deu as ordens e providenciou o dinheiro para o assassinato.
Corrida presidencial
Martine considera seriamente concorrer às eleições presidenciais em Haiti. Antes de se lançar na corrida presidencial, deverá ser submetida a mais cirurgias no braço direito.
"O presidente Jovenel tinha uma visão e nós, os haitianos, não vamos deixar isso morrer", disse Martine.
Até agora, a viúva do presidente haitiano foi submetido a duas operações. Os médicos planejam outros procedimentos, mas é possível que não seja capaz de usar completamente o braço.