Afeganistão poderá enfrentar 'guerra civil brutal' após retirada das forças dos EUA, adverte general

© REUTERS / Danish SiddiquiForças Especiais Afegãs durante missão perto de posto de controle cercado pelo Talibã, na província de Kandahar, Afeganistão, 13 de julho de 2021
Forças Especiais Afegãs durante missão perto de posto de controle cercado pelo Talibã, na província de Kandahar, Afeganistão, 13 de julho de 2021 - Sputnik Brasil, 1920, 02.08.2021
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General Petraeus, citado pelo jornal The Times, destacou os perigos de o Afeganistão vir novamente a ser controlado pelos islamistas, na sequência da retirada das forças dos EUA, que deve ser concluída até o final deste mês.

Avaliando a dramática onda de violência no Afeganistão, onde o movimento Talibã (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países) está cercando a cidade de Kandahar – a segunda maior do país, Petraeus disse:

"O pior cenário possível é que poderíamos estar ante uma guerra civil sangrenta e brutal, semelhante à dos anos 1990, quando o Talibã prevaleceu".

Nas últimas semanas, uma onda de violência tem assolado o país centro-asiático, à medida que as tropas dos EUA e da coalizão estão sendo gradualmente retiradas.

Os talibãs lançaram uma ofensiva, buscando conquistar mais território. Para além de Kandahar, estão atacando os arredores da cidade de Lashkar Gah, capital da província de Helmand, situada em rotas estratégicas como a rodovia entre Kandahar e Herat.

"O resto do mundo verá que não estamos apoiando a democracia nem mantemos os valores que promovemos em todo o mundo – os direitos humanos, os direitos das mulheres em particular, o direito à educação e à liberdade de expressão e de imprensa – todos muito imperfeitos no Afeganistão, sem dúvida, mas muito melhor do que se os talibãs restabelecerem um regime islâmico medieval", afirmou Petraeus.
© REUTERS / STRINGER / Abdul Khaliq Achakzai Pessoas com bandeiras do Talibã se movendo para o Portão da Amizade, posto de passagem na fronteira entre Paquistão e Afeganistão, cidade de Chaman, Paquistão, 14 de julho de 2021
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Pessoas com bandeiras do Talibã se movendo para o Portão da Amizade, posto de passagem na fronteira entre Paquistão e Afeganistão, cidade de Chaman, Paquistão, 14 de julho de 2021

O militar aposentado advertiu que, se o movimento continuar ganhando influência em todo o país, isso pode facilitar o retorno de combatentes da Al-Qaeda (organização terrorista proibida na Rússia e em outros países).

Ele acrescentou que a investida do Talibã, que já está forçando milhares de afegãos a fugir, pode resultar em uma grande enchente de refugiados que invadiriam o Paquistão e outros países vizinhos. Ele ressaltou também a potencial forte redução das liberdades dos cidadãos afegãos, em particular das mulheres, no caso de os talibãs conseguirem o controle, afirmando: "Não creio que isso seja o que o mundo quer ver".

No final de julho, a ONU publicou um relatório registrando um grande aumento de violência no Afeganistão, particularmente em maio e junho, depois que a coalizão ocidental iniciou sua retirada do país.

Por sua vez, Philip Giraldi, antigo especialista em contraterrorismo dos EUA e ex-funcionário de inteligência militar da CIA, disse que Washington gastou trilhões em guerras no Iraque e Afeganistão e não alcançou nada.

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